Desejo começar este artigo com um mea-culpa. Uma declaração inicial para estabelecer o pressuposto básico de que já fui alguém empolgado com a política partidária. Sei que com certeza muitos que estão lendo este artigo agora irão se identificar, pois fizeram a mesma coisa. Mas como só posso falar por mim mesmo, não afirmo que o que vou declarar seja exatamente uma doutrina bíblica, mas minha impressão profunda e sincera ao ler os textos bíblicos face aos acontecimentos históricos no Brasil. Qualquer crente com sinceridade no coração e honestidade e coragem suficiente para assumir seus erros, chegará no mesmo ponto que eu: A política partidária brasileira está corrompida e não serve mais aos princípios da democracia. Por isso, um cristão sincero deve ser apartidário.
Meu
arrependimento vem também de acreditar pela via normal, o voto, nos dois lados
que hoje polarizam o país. Fiz campanha, colei adesivo no carro. Discuti
política nas redes sociais e perdi amigos por causa disso. Votei tanto em um
lado como no outro. E confesso que meu sentimento é de ter perdido meu tempo. E
antes que você possa me julgar em relação ao processo eleitoral brasileiro,
saiba que está lendo as linhas de um cidadão que foi mesário (otário?!?!) por
12 anos, em 6 eleições seguidas. Conheci a fundo as urnas eletrônicas e o
processo dos competentes tribunais e cartórios eleitorais.
Bem
minha convicção se dá em alguns pontos que enumero em seguida. Porque o Cristão
sincero deve-se afastar da política partidária?
1-) PORQUE A MENTIRA É A FERRAMENTA DA POLÍTICA PARTIDÁRIA
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí,
vem do Maligno”. (Mateus 5:37)
“E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade; ensinaram a
sua língua a falar a mentira; andam-se cansando em praticar a iniquidade”.
(Jeremias 9:5)
A
verdade é que os políticos prometem, prometem e prometem. E nós fingimos
acreditar. E os simpatizantes de determinado político irão defender dizendo que
não foi bem assim, ele tentou e etc. Os contrários a determinado político irão
atacar e dizer que é ladrão, corrupto e etc. E a VERDADE, a essência do que o
versículo acima está apontando, é deixada de lado. Como é que um cristão
sincero pode compactuar com mentira? E o sistema político partidário brasileiro
já pressupõe que haverá mentira, falcatrua, enganos e corrupção. Como podemos
aceitar isso de bom grado? Será que todos somos cegos? Ou não queremos perder
tempo, já que sabemos que nada irá mudar?
Muitos
dirão que a resposta é votar no político certo, no candidato certo e trocar os
que são corruptos. Infelizmente isso já foi mais do que tentado e nada mudou. E
bem sabemos que quando os poderosos são afetados ou presos, dão um jeito de
serem soltos, pois tem muito dinheiro. Não são os políticos que temos que
trocar. É o sistema político que tem que ser mudado. Ele está corrompido pois
em sua essência tem a mentira como ferramenta. E segundo a Palavra de Deus, a
inspiração para mentir só vem de um lado: As trevas. Seja de um coração
corrompido ou uma inspiração do próprio Diabo.
2-) PORQUE A REPRESENTATIVIDADE PARTIDÁRIA É UMA FARSA
“Filho meu, se os pecadores te quiserem seduzir, não consintas. Se
disserem: Vem conosco; embosquemo-nos para derramar sangue; espreitemos sem
razão o inocente; traguemo-los vivos, como o Seol, e inteiros como os que
descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos as nossas
casas de despojos; lançarás a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa;
filho meu, não andes no caminho com eles; guarda da sua vereda o teu pé, porque
os seus pés correm para o mal, e eles se apressam a derramar sangue”.
(Provérbios 1:10-16)
O
sistema político brasileiro é de representação. Em linhas gerais, os candidatos
são filiados aos partidos e teoricamente representam o povo nas Casas
Legislativas, nas esferas municipais, estaduais e federais. O voto proporcional
no Brasil é adotado nos pleitos para deputados federais, deputados
estaduais/distritais e vereadores. Resumidamente, a representação proporcional
funciona assim: tem-se uma bancada com um número determinado de vagas. Apura-se
quantos votos cada partido teve e são atribuídas cadeiras a esses partidos
proporcionalmente aos seus votos (quociente partidário). Em cada legenda
partidária, serão eleitos os candidatos mais votados até que se preencha o
número de cadeiras obtidas.
Para ser
eleito, o candidato não conta apenas com os votos que recebeu em seu nome, mas
igualmente contam os votos amealhados pelo seu partido - ou coligação. Os votos
válidos são divididos pelo número total de cadeiras disputadas. O resultado
dessa divisão define o quociente eleitoral. Para que algum candidato se eleja,
o partido/coligação deverá atingir esse número. Para a definição do número de
vagas conquistadas por partido/coligação, divide-se o número de votos recebidos
pelo quociente eleitoral. Isso define o quociente partidário, que, quanto maior
for, corresponderá a mais vagas conquistadas. E eleitos serão os candidatos
mais votados nos partidos com mais votos. Daí os partidos, a cada eleição,
"correrem" atrás de "puxadores de votos". O deputado
Tiririca, por exemplo: com sua votação, beneficiou candidatos que receberam
menos votos que outros. Em sua "carona", um candidato se elegeu deputado
federal por São Paulo com pouco mais de 30 mil votos. Consequência: o eleitor
que vota em um candidato, ao fim e ao cabo, não sabe quem elegerá. Vota em
"A", elege "B". O falecido Enéas Carneiro, quando foi
eleito deputado, puxou consigo um candidato que recebeu apenas 275 votos.
Conforme dados
produzidos pela BBC Brasil, na atual Câmara dos Deputados, tão só 73 deputados
se elegeram pelo voto direto de seus eleitores. Os demais conquistaram suas
vagas graças aos votos de sua legenda. Esse sistema só faria sentido se os
partidos políticos ocupassem um lugar central na decisão do eleitor. Em um
quadro onde há dezenas de partidos, onde a definição ideológica e programática
- se é que existe - é confusa, onde as legendas são de aluguéis, servindo de fachadas
para apoiar outros partidos e se locupletar com a farta distribuição das
benesses públicas, em um cenário onde os partidos se constituem em um fim em si
mesmo, disputando o poder político para sorrateiramente montar esquemas de
corrupção com empresários igualmente corruptos, vê-se a farsa da representação
política brasileira. E o eleitor se torna refém do seu próprio voto.
3-) PORQUE A POLÍTICA PARTIDÁRIA NÃO É MAIS PARA SERVIR E SIM PARA
GANHAR DINHEIRO
“Aquele que anda corretamente e fala o que é reto, que recusa o lucro
injusto, cuja mão não aceita suborno, que tapa os ouvidos para as tramas de
assassinatos e fecha os olhos para não contemplar o mal, é esse o homem que
habitará nas alturas; seu refúgio será a fortaleza das rochas; terá suprimento
de pão, e água não lhe faltará”. (Isaías 33:15-16)
" ‘Assim diz o Soberano Senhor: Vocês já foram muito longe, ó
príncipes de Israel! Abandonem a violência e a opressão e façam o que é justo e
direito. Parem de apossar-se do que é do meu povo, palavra do Soberano Senhor.
Usem balanças honestas, arroba honesta e pote honesto” (Ezequiel 45:9-10)
Um
deputado Federal ou senador ganham no mínimo R$ 39.000,00, fora outros
benefícios como auxílio moradia, emendas e etc. Um político eleito pode chegar
a ganhar 100 mil reais ou mais. Na teoria os políticos ao serem eleitos devem
servir à população, fazendo leis e trabalhando nos interesses daqueles que
representa. Mas na prática não é isso que acontece. Para trabalhar o político
ainda exige favores, vantagens e claro muito dinheiro. Em sua maioria os
políticos nem sabem a quem representam, a não ser que seja bem pago.
Por
isso o correto seria o político ter um salário bem reduzido. Sem vantagens ou
benefícios a mais. Em países da Europa como a Suécia por exemplo, os políticos,
juízes e demais autoridades são realmente servidores públicos. Tem suas
próprias casas e carreiras e ao serem eleitos passam o período do mandato em
instalações provisórias. Nada luxuosas, pelo contrário, bem funcionais e
próximas de seu local de trabalho. Recebem um salário condizente com a função
mas sem exagero. E aos finais de semana voltam para suas cidades de origem para
ouvirem a população e saberem no que realmente devem trabalhar e os problemas
atuais do povo. A pergunta que fica é: Se os políticos eleitos tivessem seu
salário reduzido para poucos salários mínimos, será que haveriam candidatos
para preencher os cargos? Penso sinceramente que não.
POSICIONAMENTO POLÍTICO
Quero
ainda responder algumas questões que são levantadas no meio cristão, em relação
ao posicionamento político. Tenho visto pastores, teólogos e cristãos gritando
a pleno pulmões que temos que nos posicionar politicamente para que possamos
continuar tendo a liberdade religiosa no Brasil. E que se não o fizermos
podemos ser perseguidos, ter as igrejas fechadas e não poderemos mais adorar a
Deus livremente em nosso país. Quero lembrar para meus leitores e todos os
interessados o que a Bíblia realmente diz sobre este assunto:
1-) A AUTORIDADE POLÍTICA NÃO É MAIOR QUE A AUTORIDADE DE CRISTO
"Você se nega a falar comigo? ", disse Pilatos. Não sabe que
eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo? " Jesus
respondeu: "Não terias nenhuma
autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima...” (João
19:10-11).
Tenho
que lembrar aos meus colegas pastores e cristãos simpatizantes a política
partidária que acreditam que a igreja está obrigada a ceder a autoridade
política, que isso não é verdade. Toda autoridade existente nessa terra foi
doada por Deus, para um fim específico. Mas esta autoridade não está acima da
autoridade do céu e nem pode desafiá-la. Acreditar que estamos presos e
condenados a sempre baixar a cabeça a políticos quer eles façam o que quiserem
é um engano fatal. Se somos cidadãos de bem, pagamos os impostos e não fazemos
nenhum mal e nem quebramos nenhuma lei, a autoridade não será problema para
nós. Mas não pensem tais autoridades que estão acima da autoridade de Deus,
pois não estão e nunca estarão. Paulo confirma isso em suas palavras:
“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há
autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele
estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se
colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem
condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a não
ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade?
Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois
é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo,
pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para
punir quem pratica o mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades,
não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de
consciência. É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades
estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. Dêem a cada um o que
lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se
honra, honra” (Romanos 13:1-7)
Então
que fique claro que existem autoridades terrenas e estas devem ser respeitadas.
Mas nunca estarão acima da autoridade divina. E a igreja tem uma missão divina
e não humana. Logo, a igreja responde diretamente a Deus e realiza a missão que
ele designou. Como instituição a igreja deve obedecer as leis e cumprir tudo o
que se pede. Mas como IGREJA, deve se preocupar com a expansão do Reino de
Deus, em ajudar os pobres e pregar o evangelho. Se autoridades políticas
desejarem ajudar a igreja nessa missão, muito que bem. Se não, que não
atrapalhem pois a igreja é maior.
2-) A MISSÃO DA IGREJA É MUITO MAIOR QUE A POLÍTICA PARTIDÁRIA
Uma
igreja local ou denominação que se preocupe com a política partidária, que
tenha como meta e objetivo principal colocar candidatos de suas fileiras nos
cargos políticos está pervertida. E que nos anos de eleição ceda o púlpito a
políticos e mais políticos para angariar votos de seus membros, sendo estes
coniventes com tais atitudes e se deixando influenciar por isso está perdendo
seu tempo. Recentemente vimos uma igreja de uma certa denominação evangélica ovacionando
de pé o candidato a reeleição, quase o exaltando como deus. Também vemos
pastores anteriormente teólogos e preocupados com o Reino de Deus e Missões se
tornando agora o porta voz de um dos candidatos, sendo que um destes pastores afirmou
publicamente que a prisão de um dos candidatos foi injusta, chegando a declarar
que tal candidato teria sido preso igual a Jesus.
Existem
denominações que possuem partidos políticos. Pastores que abandonam seu
ministério temporariamente para se candidatarem a cargos políticos, mas
continuam “pastoreando”, pois assim poderão influenciar mais eleitores. Alguns
políticos atacam frontalmente a igreja, querendo ensinar como se faz ação
social. Recentemente uma professora da USP acusou as igrejas evangélicas de
periferia de serem todas ligadas a máfia. Outro determinado pastor, candidato
pelo seu estado, diz que sua missão de vida é derrotar o atual presidente. Outro
pastor bem famoso posta vídeos em suas redes gritando e chamando de vagabundo
quem pensa diferente dele politicamente. E termina falando um “Deus abençoe o
Brasil” quase como se quisesse esganar alguém, sem expressar nenhum sentimento
de paz. Em tudo isso a pergunta que faço é: O que está acontecendo com a
igreja?
A
missão da igreja é muito maior que tudo isso: “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a
autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com
vocês, até o fim dos tempos". (Mateus 28:18-20). Esta missão que Jesus
nos deu, ele também nos direciona: Mas
receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
terra" (Atos 1:8).
Não
há a mínima menção de política, cargos, dinheiro ou qualquer coisa que ligue a
igreja a tarefas políticas e partidárias. Jesus mandou ir e fazer discípulos e
não ir atrás de votos. Jesus mandou ensinar a sua Palavra e não promessas de
campanha. Não estou dizendo que é pecado fazer campanha política ou que um
cristão não possa se candidatar. Creio que é necessário pessoas de bem nos
cargos públicos para servirem bem e fazer o que é necessário para toda a
população. Mas ao comparar a missão política com a missão divina, a missão
política deve ser abandonada, e não é o que está acontecendo atualmente. Na
verdade os crentes de hoje estão acreditando na mentira que a política é a
solução para os problemas do país. O que dizer? Deixo que a Bíblia responda
por si:
“Assim diz o Senhor: "Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força,
mas cujo coração se afasta do Senhor”. (Jeremias 17:5)
“Se não for o Senhor o
construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que
vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda. Será inútil levantar
cedo e dormir tarde...” (Salmo 127:1-2)
“O Senhor desfaz os planos
das nações e frustra os propósitos dos povos. Mas os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do seu
coração, por todas as gerações. Como é feliz a nação que tem o Senhor como
Deus, o povo que ele escolheu para
lhe pertencer!” (Salmo 33:10-12)
3-) PESSOAS EM POSIÇÃO DE AUTORIDADE SÃO APENAS PESSOAS E NÃO UNGIDAS
OU ENDEMONIADAS
Há
uma falsa ideia na igreja evangélica atual que diz que se a pessoa está em um
determinado cargo político ela foi levantada por Deus ou pelo Diabo. E por isso
deve ser apoiada sem nenhuma restrição, caso seja por Deus. Ou rejeitada com
todas as forças, caso seja pelo Diabo. A pergunta que faço é: Quem determina
isso? O fato de Deus permitir alguém em uma posição de liderança quer dizer que
Deus assina embaixo em tudo o que ele faz? Só porque alguém se diz cristão,
realmente o é? Será que alguém que achamos que seja das trevas realmente o é?
Este
pensamento é chamado de maniqueísmo. Em definição o maniqueísmo é um dualismo
religioso sincretista que se originou na Pérsia e foi amplamente difundido no
Império Romano (Séculos II d.C. e IV d.C.), cuja doutrina consistia basicamente
em afirmar a existência de um conflito cósmico entre o reino da luz (o Bem) e o
das sombras (o Mal), em localizar a matéria e a carne no reino das sombras, e
em afirmar que ao homem se impunha o dever de ajudar à vitória do Bem por meio
de práticas ascéticas, evitando a procriação e os alimentos de origem animal.
Existem atualmente muitos crentes maniqueístas em nosso meio, inclusive
estabelecendo regras de pode ou não pode.
Leia
o texto a seguir: "Assim diz o
Senhor ao seu ungido: a Ciro, cuja mão direita seguro com firmeza para subjugar
as nações diante dele e arrancar a armadura de seus reis, para abrir portas
diante dele, de modo que as portas não estejam trancadas: Eu irei adiante de
você e aplainarei montes; derrubarei portas de bronze e romperei trancas de
ferro” (Isaías 45:1-2). Muitos crentes ao lerem este texto automaticamente
afirmam que Ciro por ser levantado por Deus, mesmo não sendo do povo de Israel,
era um instrumento de Deus. A questão é que Ciro foi exatamente isso. E apenas
isso. Ciro foi um instrumento de Deus para que Israel pudesse voltar para a
terra prometida. Mas isso não quer dizer que Deus apoiava todas as atitudes de
Ciro. Ele era um imperador cruel. Matava pessoas e invadia territórios para
conquistar.
Então
o que estou querendo dizer? Simples: “O
coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer. Todos os caminhos do homem lhe parecem
justos, mas o Senhor pesa o coração” (Provérbios 21:1-2). Ou seja: Deus é
que controla tudo e todos. O Salmo 24:1 é claro: “Do Senhor é a terra e tudo o que
nela existe, o mundo e os que nele vivem”. Somos apenas instrumentos na
mão do Senhor. Que sejamos para fazer o bem. Que os políticos saibam que estão
no cargo por permissão de Deus para fazerem o que ele deseja. Se não o fizerem
serão substituídos. Deus pode permitir ou não. Simples assim.
4-) VALORES E PRINCÍPIOS TEM COMO FONTE A PESSOA DE DEUS E NÃO
IDEOLOGIA POLÍTICA
Existem
valores e princípios que encontramos na Bíblia que fazem a fronteira entre projetos
políticos. Um cidadão consciente e que deseja votar em algum candidato deve
avaliar a sua competência, sua experiência e se o projeto político de tal
candidato não confronta os valores e princípios divinos. É preciso lembrar
também que estes valores são voltados para o bem e a proteção de todas as
pessoas, não apenas as pessoas cristãs. Sendo assim afirmo que uma política
partidária é ruim, mas uma política partidária corporativista é muito pior. Ou
seja: um político cristão deve fazer leis e proteger todos os cidadãos e não
apenas os cristãos. Infelizmente não é o que vemos atualmente. Cada um puxa a
sardinha para o seu lado, como diz o ditado. Um escritório político mais se
parece com um balcão de pedidos do que uma plataforma de ideias e políticas
públicas.
É
preciso analisar se os projetos políticos de um candidato não ferem os valores
divinos. Apoiar o aborto, pena de morte, censura à liberdade de expressão,
tirar direitos adquiridos dos cidadãos e o direito à propriedade vai diretamente
contra estes valores. Mas também a desigualdade social, precarização do
trabalho, falta de moradias e saneamento básico e tantos outros problemas
estruturais são igualmente contra os valores divinos da dignidade humana. E
isso não depende de ideologia política. Sendo esquerda ou direita, ao quebrar
estes valores, devem ser rejeitados.
A
verdade é que a política partidária não está nem aí para os valores. Os debates
nem chegam a refletir e debater seriamente o que se fazer para resolução de
tais problemas. Apenas paliativos e remendos são feitos, com as mesmas
desculpas de sempre e nada de efetivo é realizado. Há centenas de anos o
Nordeste sofre com a seca e continuará a sofrer. E por que? Por falta de
vontade política. Mas também porque a igreja se omite. Existem pastores de
igrejas que ganham 90 mil por mês ou mais. Recebem ofertas na casa dos milhões.
Enquanto isso há sofrimento e injustiças na porta de suas igrejas. Moradores de
rua são proibidos de entrar. Mas o rico enternado é abençoado e abraçado.
Graças a Deus existem várias iniciativas cristãs sérias no Nordeste e em muitos
lugares que juntas poderiam amenizar o problema e criar soluções de renda e
igualdade para as pessoas necessitadas. Basta querer.
CONCLUSÃO:
Encerro
este pequeno ensaio com uma reflexão. A igreja local é da maior importância
para o bem-estar e desenvolvimento de uma comunidade. A agenda de Jesus para a
saúde e transformação da comunidade é expressa e modelada através da sua
igreja. Em nada precisamos da política partidária. Cito aqui um trecho do livro
“Se Jesus fosse prefeito” de Bob
Moffit: O que Jesus faria se Ele fosse Prefeito da minha cidade?
• O que Ele faria pelos desabrigados e a as crianças de rua?
• O que Ele faria a respeito do alcoolismo, abuso de drogas e outros
vícios?
• Como Ele fortaleceria as famílias?
• Como Ele promoveria água potável, habitação adequada e alimento,
serviços de saúde, sistemas de esgoto e coleta de lixo, e estradas apropriadas?
• O que Ele faria sobre salários justos e emprego adequado?
• O que Ele faria quanto as crianças indesejadas e o cuidado com o
enfermo e o idoso?
• O que Ele faria para criar beleza - ruas limpas, árvores, flores e
parques públicos?
• Que mudanças Ele faria na educação de crianças e adultos?
• Que novas decisões Ele tomaria sobre as políticas públicas?
• Como Ele ajudaria pessoas a avaliar problemas e tomar decisões
justas?
• O que Ele faria para mudar a maneira como o governo local trabalha?
• Os ensinos dEle seriam televisionados? Ele faria "reuniões
municipais" onde a sua agenda e os princípios do seu Reino seriam
estabelecidos?
• O que Ele faria sobre os crimes e conflitos civis? Que orientações
Ele daria para a polícia e as relações comunitárias?
• Que mudanças Ele faria nos tribunais? E nos sistemas penitenciários?
• O que Ele faria sobre a desigualdade entre o rico e o pobre?
• O que Ele faria sobre a corrupção e suborno?
• Que regulações Ele estabeleceria para o comércio?
• O que Ele faria sobre a depressão, solidão e doença mental?
• Como Ele lidaria com a pornografia, imoralidade sexual e
prostituição?
• O que Ele faria sobre o abuso de crianças e cônjuges?
• Como Ele melhoraria as relações sociais entre os cidadãos?
Pensar
no que Jesus faria é um bom exercício de imaginação. Melhor ainda seria trocar
o nome dele pelo nosso e tentar agir como se fôssemos ele aqui na terra.
Peraí... mas é isso que a igreja é! O Corpo de Cristo na terra. Esqueça a
política partidária e entre para o partido de Jesus. Se ele é o prefeito da
cidade, te nomeou secretário dEle. Vamos agir? Arregace as mangas e comece a
trabalhar no gabinete das ruas e praças, pregando e fazendo o bem, como ele
mesmo fazia aqui neste mundo. Não é preciso campanha política e nem dinheiro do
fundão. Deus já te elegeu e Ele é o dono do ouro e da prata. Desligue a TV,
esqueça o horário eleitoral gratuito e foque sua atenção no plano de Governo de
Deus: "Erga a voz em favor dos que
não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados. Erga a voz e
julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados".
(Provérbios 31:8-9)
Leandro Silva