Sempre pensei que é bem prático o conselho da Bíblia em I Tessalonicenses 5:21 - "Examinai todas as coisas, retei o que é bom".
Ou seja, se temos inteligência e condições para ler, ouvir, assistir ou mesmo participar de algo, com olhar crítico, mas desarmados de qualquer preconceito ou ponto de vista, no final vamos reter o que é bom, o que achamos que serve para nossa vida e o resto jogamos fora. É como, por explo, vc ler um livro que é meia boca, mas vc tirou algumas lições dele. Então até que valeu a pena lê-lo.
Alguns líderes proibem algumas práticas, dizendo que são do Diabo. Seguindo o raciocínio do que coloquei acima, entendo que o papel do pastor é advertir e avisar daquilo que ele considera o mais correto e bíblico. Agora ele precisa deixar que a pessoa tome a decisão por si mesma e arque com as consequências ou benefícios de determinada atitude. Agora se intrometer na vida da pessoa, sem que ela peça, é um abuso espiritual, um mal que muitos sofrem hoje em dia. Inclusive tem um livro muito bom sobre este assunto, que é um soco na boca do estômago, mas que fala com clareza e pôe do dedo na ferida mesmo. Eu li e recomendo: "Feridos em nome de Deus" de Marilia de Camargo Cesar, da Editora Mundo Cristão.
A Bíblia diz em I Pe 5:1 a 3:(NVI)
Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada:
Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir.
Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.
Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir.
Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.
Sublinhei a parte que quero destacar. A Bíblia diz que os presbíteros, ou pastores (é sinônimo) devem pastorear o rebanho não como se fosse propriedade sua, mas com cuidado e serviço. O Pastor não manda na ovelha, ele orienta e cuida.
Por que estou enfatizando isso ? Para chegar na questão do discipulado.
A grande comissão de Jesus é clara:
"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" Mateus 28:19-20
O que é fazer discípulos ? É levar alguém novo, que desconhece as coisas espirituais e levá-lo a um nível de maturidade onde ele possa caminhar sozinho e fazer o mesmo com outras pessoas.
Ou seja, Jesus quer que uma pessoa evangelize alguém, cuide e ensine alguém, acompanhando e ajudando em todas as coisas, até que essa pessoa possa chegar a um nível de fazer o mesmo com outra pessoa.
A Bíblia diz ainda que quando nos convertemos, somos nova criatura (II Coríntios 5:17) e que precisamos de leitinho espiritual como está escrito:
Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação (I Pe 2:2)
Então, fazer discípulos assemelha-se a cuidar de uma criança. Existem algumas fases, tanto no crescimento natural como no crescimento Espiritual:
Recém nascido - Novo convertido ou sem compromisso - Precisa de um PAI espiritual
Adolescente - Alguns anos na fé, primeiros passos - Precisa de um amigo/irmão mais velho
Jovem - Pelo menos 5 anos na fé, primeiras experiências - Precisa de um mentor/orientador
Adulto - Maduro na fé, sólidas experiências - precisa de um conselheiro de vez em quando
Agora, porque não se fala muito nisso ? Porque dá trabalho !! Como cuidar e sustentar uma criança, dá trabalho discipular da maneira que Jesus nos pede.
Então a igreja moderna tem substituído o discipulado com suas tradições, campanhas, pregações, ofertas e tudo mais. Dizem que é só fazer isso, ou aquilo e pronto. Só dar a oferta, fazer a campanha tal, dar os 3 passos para a vitória, que Deus se move e resolve o problema.
Mas não é assim que funciona !! Isso é o que tem mantido a igreja como uma maternidade espiritual onde todos os domingos os pastores tem que dar leitinho e mais leitinho, para os crentes bebês de 20 anos na igreja, chorando e esperneando.. Quando já deveriam ser mestres, ainda estão no leitinho !! (Hebreus 5:12)
Em paralelo a tudo isso surge o G12. Um método de crescimento da igreja, que enfatiza 2 coisas: Discipulado e Células.
Quando o g12 surgiu, como o texto explica, na Colômbia, já existiam métodos que trabalhavam com a visão de grupos pequenos, grupos familiares ou de pastoreamento. Existia o método do Paul Yongi Cho, da Coréia do Sul (o primeiro deles) , o método do Juan Carlos Ortiz, da Argentina, e o método do Robert Lay, dos EUA. Estes métodos eram organizados por grupos nas casas, com lideranças locais, regionais e distritais, conforme o crescimento das células de uma igreja.
O G12 no início tinha a mesma estrutura, mas com diferenciais. Além da célula, cada líder deveria formar seu grupo de discípulos, ou seja, pessoas que ele trataria e acompanharia mais de perto. Essas pessoas eram escolhidas a dedo, na igreja ou nas células e passavam a responder espiritualmente a este líder, este sendo sua cobertura espiritual. E todos os líderes da igreja respondem ao pastor da igreja, tendo ele com sua cobertura.
Além disso o G12 trouxe uma visão de crescimento espiritual como uma Escada, chamada Escada do Sucesso, que consistia em 4 propósitos:
GANHAR - CONSOLIDAR - DISCIPULAR - ENVIAR
Em Ganhar, o líder evangelizava alguém e mantinha os primeiros contatos
Em Consolidar, o líder continuava acompanhando a pessoa até que o evangelizado entre em um célula e comece a congregar na igreja
Em Discipular, o líder começava a ensinar a Palavra e orientar a pessoa nos primeiros passos
Em Enviar, o líder verificava o nível de maturidade e quando já fosse a hora, liberaria a pessoa para fazer o mesmo, evangelizar alguém, e repetir o processo.
Isso libera um potencial multiplicador que dá um crescimento rápido a igreja, pois consideremos que uma pessoa faça essa escada com outra pessoa repita o processo anualmente. Então teremos:
ano 1 = 2 pessoas (o líder e o evangelizando)
ano 2 = 4 pessoas ( o líder evangeliza uma nova pessoa, o evangelizado uma outra pessoa)
ano 3 = 8 pessoas (assim por diante)
ano 4 = 16 pessoas
ano 5 = 32 pessoas
ano 6 = 64 pessoas
ano 7 = 128 pessoas
ano 8 = 256 pessoas
ano 9 = 512 pessoas
ano 10 = 1024 pessoas.
Imagine uma igreja com 100 membros e cada um realizando este processo. O que muitas igrejas levavam 10 anos pra conseguir as igrejas no G12 começaram a alcançar com 3 a 5 anos.
Basicamente é isso. Agora, o problema é que no início, quando este método surgiu, pela empolgação e resultados, se dizia que era a única Visão de DEus !! A única correta e que dava frutos. Por conta disso, igrejas se dividiram, pastores diziam nos púlpitos que só no G12 é que realmente tinham se convertido, e um monte de outros exageros que não convém aqui mencionar.
Mas hoje, uma década depois, todas as igrejas entendem que o G12 é apenas um método, como qualquer outro, e não é a única visão de Deus.
Bem, mas indo ao cerne do problema, a grande questão controversa no G12 é o famoso "Encontro com Deus".
O Encontro foi idealizado pelo Cesar Castellanos, na Colômbia, como um retiro espiritual, onde a pessoa fica 3 dias sendo ministrada na Palavra de Deus, em vários temas importantes e necessários para sua vida com Deus. Temas como Salvação, libertação, adoração, oração, Hábito na leitura da Palavra, Cura interior, etc.
Este encontro a princípio foi estabelecido para os novos convertidos, assim que chegassem na igreja, já passariam no Encontro, para assim serem tratados.
A questão é que o Renê Terranova, um pastor de uma igreja em Manaus, foi a um destes encontros e achou maravilhoso. Adaptou algumas coisas e trouxe para o Brasil, implantando em sua igreja o G12 e o Encontro. Mas suas adaptações não foram todas aceitas, principalmente a questão do voto de silêncio, que pede que os participantes do Encontro não divulguem nada do que aconteceu lá, para que outras pessoas não deixem de ir e ter a sua própria experiência.
Na minha opinião, eu concordo com o voto de silêncio, pelo fato de que se contamos para alguém tudo o que aconteceu em um determinado local ou situação, perde a graça para a pessoa. É como assistir um filme, contar tudo para a pessoa que não assistiu ainda, e depois ela assistir o mesmo filme. Não será a mesma coisa para ela se ela não soubesse de nada. Seria muito mais legal e interessante ela assistir ao filme SEM conhecimento prévio.
Então se alguém vai ao Encontro para ter uma experiência de segunda mão, igual a do outro, é melhor que não vá. Não tem nada a ver com Deus não permitir que se fale, ou que se a pessoa falar o que acontece no Encontro vai cair em maldição. Nada a ver !!
Outro ponto onde existiram exageros é na Cura interior, onde algumas igrejas realizaram regressões, induções de volta ao passado e que realmente introduziram práticas não cristãs nestes Encontros, ao ponto de terem problemas, como pessoas de ordem psicológica em alguns participantes. Mas isso não era em todas as igrejas, e logo que se soube disso, já se repreendeu os líderes destas práticas.
Agora, trazendo tudo isso para os dias de hoje, a "moda" e o interesse pelo G12 já passou, como acontece com a maioria das novidades, mas igrejas que estão no G12 continuam fazendo Encontros e discipulando pessoas, e crescendo assustadoramente. Façam uma pesquisa vocês mesmos na Web e vejam se a maioria das igrejas na visão celular não estão com no mínimo 300 membros. Hoje o G12 é apenas mais um dos muitos métodos de crescimento que podem ser utilizados na igreja. Cabe ao pastor e a liderança examinarem e verificarem em suas realidades locais qual é o melhor método a ser colocado em prática. Como todo movimento humano, também teve erros e acertos, e continua seguindo em frente.
Independente do método que se use, o Espírito Santo é que conduz a igreja. Quando o líder tem um relacionamento com o Espírito Santo e segue suas orientações, tudo vai bem.
Discipulado é isso, acompanhamento de perto, auxílio, apoio, ensino, ser de fato uma comunidade, e não apenas pastorear de púlpito e só de domingo à noite, como fazem a maioria dos pastores, inclusive estes que escreveram os artigos e que falam na TV e no Rádio. Estes não sabem nem o nome das pessoas que compram seus DVDs e lêem os seus livros !!
Meu pastor sabia quem eu era e das minhas necessidades, eu sabia quem eram meus jovens e das suas necessidades. Não eram minha propriedade como eu não era propriedade do meu pastor. Apenas ele me discipulava, enquanto eu discipulava outros. Tudo era lindo, perfeito e maravilhoso ? Claro que não ! Problemas, enganos, mentiras, falsidades, acusações, tudo o que existe quando pessoas estão juntas acontecia lá também. Mas por que então gastar tempo, investir em pessoas dessa forma ?? Porque amar pessoas assim ?
Simplesmente porque Jesus fez e nos mandou fazer igual.
É o princípio que o apóstolo Paulo aprendeu e ensinou a Timóteo em II Timóteo 2:2:
"E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros".
PAULO - TIMÓTEO - HOMENS FIÉIS - OUTROS
Fiquem na paz
Leandro Silva
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