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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

ESSA INCRÍVEL IGREJA - Reflexões sobre a Eclesia

 

               


Quando dizemos igreja, o que estamos querendo dizer? O Substantivo? – A igreja; O Local? – Na igreja, A igreja na casa; A ação? – Adoração coletiva durante uma reunião; O Coletivo? – A igreja de (local) - O corpo de Cristo composto de cristãos que moram em determinado local. A palavra no NT traduzida por Igreja é “ekklêsía - Eclesia”. O termo Eclesia literalmente não significa “chamados para fora” como normalmente se diz. Este termo é έκκαλέω – “chamar para fora, chamar; atrair; provocar”. Precisamos então nos aprofundar um pouco para separarmos o joio do trigo e extrairmos o que é essencial.

Etimologia - Visto que a ekklêsía do NT recebe sua marca específica por intermédio do AT, a história é mais importante que a etimologia, especialmente quando nem ekkaleín nem ékklêtos ocorrem no NT, e ambos são também muito raros na LXX. Os escritores do NT não parecem ter tido em mente a ideia de “convocados” quando falavam da ekklêsía (embora cf. Ef 5.25ss.; lTm 3.15; Hb 12.23). Se a igreja de fato é constituída por aqueles a quem Deus chamou do mundo, isso diz mais respeito a considerações materiais do que linguísticas. A denotação é sempre a “assembléia (de Deus)”. A palavra “igreja” sugere o aspecto universal e, etimologicamente, o fato de pertencer ao Senhor (kyriakón), mas ela tem a desvantagem de ter adquirido uma nuança hierárquica. A palavra “congregação” destaca o fato de que a pequena irmandade já é igreja, e salienta o aspecto de reunião, mas tem a desvantagem de chamar a atenção para o grupo individual, por vezes num sentido sectário. “Comunidade eclesiástica” poderia ser recomendado como possível alternativa para ambas.

Dicionários gerais definem ekklêsía como 1. “assembléia” e 2. “igreja”. Léxicos do NT distinguem entre igreja como: a-) todo o corpo e b-) a congregação local ou igreja na casa. A ênfase difere de acordo com a denominação, embora, por vezes, a unidade básica seja percebida. Visto que o NT usa um único termo, as traduções deveriam tentar fazer o mesmo, mas isso levanta a questão quanto a se “igreja” ou “congregação” é sempre adequado, especialmente em vista do uso do AT para Israel e do subjacente hebraico e aramaico. Deve-se também indagar o motivo pelo qual a comunidade do NT evita um termo cultual para si mesma e escolhe um termo mais secular. “Assembléia”, então, seria talvez o melhor termo, especialmente por possuir tanto um sentido concreto quanto abstrato, ou seja, tanto para o ato de congregar quanto para a assembléia.

NO NOVO TESTAMENTO:

Uma questão importante é o motivo pelo qual ekklêsía não ocorre em livros como Marcos, Lucas, João, ele 2Pedro. As primeiras passagens em Atos (2.47; 5.11; 7.38; 8.1, 3; 9.31) são importantes em vista do uso não apenas para a igreja de Jerusalém (8.1), mas para a igreja em toda a Judeia e também para o Israel do AT (7.38). O singular predomina, porém mais tarde também encontramos o plural (possivelmente 9.31, provavelmente 15.41, certamente 16.5). Uma expressão significativa é 20.28: “a ekklêsía do Senhor que ele comprou com seu próprio, sangue”. Em todos esses versículos, a igreja local é chamada de ekklêsía sem qualquer questão de precedência ou de ênfase local. O singular e o plural são intercambiáveis. Duas ou mais igrejas não perfazem a igreja, nem há muitas igrejas, mas uma só igreja em muitos lugares, seja judaica, gentílica ou mista. O único termo descritivo, por vezes acrescentado, é toú theoú (ou kyriou), que claramente a distingue de uma sociedade secular (denotada em 2.47 por laós).

                 No Livro de Atos em três ocasiões há um uso puramente secular de eclesia (19.32, 39, 40), que demonstra que o que importa não é o ato de congregar-se como tal, mas quem congrega e o motivo pelo qual o faz. No caso da igreja, é Deus (ou o Senhor) quem congrega seu povo, de modo que a igreja é a ekklêsía de Deus, que consiste de todos aqueles que lhe pertencem (cf. hólè em 5.11; 15.22). Aplicado aos crentes, o termo é essencialmente qualitativo, a assembléia daqueles reunidos pelo próprio Deus.

Epístolas paulinas - O uso em Paulo é similar; cf. o uso livre de singular e plural (Rm 16.23; 16.4, 16; G1 1.13, 22), o uso de hólê (Rm 16.23), e as referências a um lugar (Rm 16.1) ou região (ICo 16.19). A omissão ocasional do artigo mostra que ekklêsía é quase um nome próprio (cf. ICo 14.19; 2Co 8.23). Até mesmo uma pequena igreja numa casa pode ser chamada de ekklesía (Rm 16.5). Cada igreja local representa a igreja como um todo (2Co 1.1: “ a igreja que está em Corinto”), de maneira que aquilo que nela se aplica (ICo 6.4; 11.18; 14.34) será aplicado em toda parte. Para Paulo, também, toú theotí é a principal definição, quer no singular (ICo 1.2) quer no plural (1.16). (Isso mostra que ele não faz distinção entre igreja de igrejas, como por vezes se costuma fazer.) Visto que Deus age em Cristo, en Christõ (G1 1.22) ou toú Christoú (Rm 16.16) também pode ocorrer; “cristã” é uma tradução muito insípida para isto. Também encontramos “igrejas dos santos” em ICo 14.33 - o que é natural em vista da equiparação da ekklesía com os “santificados em Cristo Jesus” em 1.2.

Essencialmente, Paulo tem em comum sua concepção da igreja com os primeiros discípulos. A igreja é ainda a ekklesía toú theoú como no AT, mas com o fato novo de Deus ter cumprido a aliança em Cristo e de Cristo ter se manifestado aos seus discípulos e tê-los comissionado a reunirem um povo em seu nome. A igreja é constituída e autorizada pelas aparições do Senhor ressurreto, não pelas experiências carismáticas que também são desfrutadas pelos discípulos e por Paulo. Paulo assim reconhece os privilégios da primeira comunidade e seus líderes, como pode ser visto em sua organização da coleta para Jerusalém (que não é apenas uma questão de benevolência ou estratégia) e sua descrição de Tiago, etc., como “colunas” em G1 2.9 (mesmo que aqui exista certa ironia em vista da falibilidade humana e do desejo errôneo de alguns de superexaltar pessoas com autoridade). Paulo não possui qualquer desejo de impor uma nova visão da igreja, mas antes quer proteger a visão original contra inovações incipientes. Para ele, a igreja permanece ou perece com seu único fundamento em Cristo, seu reconhecimento exclusivo como Senhor e a rejeição da ênfase exagerada em pessoas ou lugares. Nenhuma descrição da igreja é dada, porém Paulo chega ao centro da questão com sua compreensão (paralela à de Atos) como assembléia reunida por Deus em Cristo.

As outras passagens do NT acrescentam pouco ao que foi dito. Apocalipse usa o plural 13 vezes e também fala da igreja de Éfeso, Esmirna, etc. 3João usa o termo duas vezes com o artigo e duas vezes sem ele. Tg 5.4 menciona os presbíteros da igreja, provavelmente referindo-se a toda a comunidade. Hb 2.12 cita SI 22.22, e Hb 12.23 se refere à assembléia do primogênito, provavelmente não num sentido técnico, mas simplesmente no sentido de uma reunião festiva no céu (cf. v. 22).

Em resumo, segundo o NT, a eclesia cristã era composta de crentes batizados, que se reuniam com o propósito de ganhar pessoas para Cristo, batizando-as e ensinando-lhes a Bíblia. Eles observavam duas ordenações: o batismo e a Ceia do Senhor. Seus oficiais eram os pastores e diáconos. O governo era democrático. Apesar de haver muitas outras eclesias cristãs por todo império romano, havia só um tipo. Todas tinham o mesmo padrão em relação a fazer membros, propósito, ordenanças, oficiais, etc., até aqui indicados. A Eclesia cristá é uma sociedade de cristãos, ou daqueles que, esperando por eterna salvação através de Jesus Cristo, observar seus próprios religiosos ritos, segurar suas próprias religiosas reuniões e gerenciar seus próprios assuntos de acordo com os regulamentos prescritos para o corpo para o fim do amor.

 

Eclésia Grega – Requisitos para participação:

Embora por definição a eκκλησία fosse uma assembleia popular, a principal assembleia da democracia ateniense na Grécia Antiga, contudo não tinha nada do ideário que hoje consideramos ‘popular’. Era uma assembleia restrita a aproximadamente 10% da população, visto ser acessível somente aos cidadãos do sexo masculino, com mais de dezoito anos, que tivessem prestado pelo menos dois anos de serviço militar e que fossem filhos de pais natural da pólis, ou seja, excluía os comuns do povo, as mulheres, as crianças, os forasteiros, os estrangeiros (Metecos: Μέτοικος), e os escravos.

- Termo semelhante - ἔκκλητος – Árbitro, selecionado para julgar um ponto. Pode ser uma equipe, um time. οἱ ἔκκλητοι , em Esparta e em outros lugares, um comitê de 5 cidadãos homens, escolhido para relatar sobre certas questões , X. HG 2.4.38 ; Ἀργείων ἔκκλητος ὄχλος E. Or. 612 , cf. 949 .

- Pressupostos para esta reunião de ἔκκλητος: Cidade auto governada, Cidadãos que deixem seus afazeres cotidianos para executarem uma tarefa em conjunto, Conselho de iguais – ninguém acima de ninguém, todos são iguais, mesmo que tenham funções diferentes a desempenhar.

Eclesia significa então “assembléia” no grego clássico e na versão dos Setenta. Ao nos aproximarmos do Novo Testamento vemos que a palavra é admitida por todos como tendo este significado em quase noventa lugares. Alguns contendem por assembléia, outros por um novo significado melhor descrito como a igreja universal invisível. Como podemos dizer qual é o certo? O princípio usado é dizer que o significado comum deve ser aceito em cada lugar onde fizer sentido. Só quando o significado comum não fizer sentido temos a permissão de dar-lhe um novo. Seguindo este princípio vemos que a palavra assembléia faz sentido em cada passagem contestada. Assim qualquer outro sentido deve ser rejeitado. Dizer que ela tem um novo significado em face desta evidência é seguir um caminho falso de interpretar, o que tornaria a Bíblia sem significado e poderia diminuir a responsabilidade de uma pessoa à igreja local.

O mundo grego usa ekklesía para uma assembléia popular (cf. At 19.32, 39-40). O AT e o NT dão-lhe seu sentido específico mediante o acréscimo de toú theoú ou en Christõ. Será que eles escolheram essa palavra porque ela possuía um sentido cultual? Ela denota a assembléia dos ekklètoí em cidades gregas, mas não há qualquer evidência segura de seu uso para uma sociedade cultual. A ekklesía secular oferece um paralelo formal e pode conter uma sugestão religiosa, como no oferecimento de orações, mas o uso do NT deriva do uso da LXX. Isso explica a razão pela qual o latim dá preferência a ecclesia sobre outras traduções tais como curia, civitas Dei ou convocado. O termo ekklesía possui uma história sagrada nos escritos sagrados. Ele salienta a distinção entre o cristianismo e sociedades cultuais, para as quais existem termos especiais como thíasos. Judeus helenistas são provavelmente os primeiros a aplicar o termo à igreja, dando-lhe preferência em relação a synagõgè, porque o último estava adquirindo um sentido mais restrito, e talvez por haver alguma similaridade de som entre ekklesía e o heb. qãhãl.

- Termo relacionado - ἔκκλησις – Apelo, invocação a divindade – O que se faz em uma eclesia além de decidir, arbitrar e solucionar? Apelar aos deuses.

 

Os pais apostólicos e o catolicismo primitivo - Na igreja primitiva, encontramos sinais de uma mudança no uso de adjetivos e o surgimento de especulação. Nas primeiras obras, ekklêsía é comum apenas em Hermas com suas visões da kyría, que é hagía e presbytéra, a morphè de um santo espírito (cf. Visões l.lss.). Em três ocasiões, lClemente apresenta um uso similar ao de lPe 1.1 e Tg 1.1. Inácio tem imponentes epítetos em suas epístolas, muitos deles bastante extravagantes. Em Efésios 5.5, Deus, Cristo e a igreja são apresentados aos crentes como uma entidade. Cada igreja possue um único bispo, e a palavra katholikê aparece em Esmirnenses 8.2. No Martírio de Policarpo, a igreja é santa e católica, localizada em diferentes lugares. No Didaquê, a igreja se encontra espalhada, mas há de ser reunida no reino (9.4). Temos aqui uma expressão obscura que fala do mistério mundano da igreja desempenhado pelo verdadeiro profeta (11.11). 2Clemente destaca a dimensão do mistério em 14.1. Com sua referência à preexistência da igreja, isso se vincula a especulação sobre o éon da igreja e as declarações acerca da igreja ideal, em contraste com a igreja empírica (cf. Agostinho, e a distinção posterior entre as igrejas invisível e visível).

O uso durante a história da igreja - O desenvolvimento do “catolicismo” como distinto do cristianismo primitivo é claramente aparente na área da igreja com o surgimento da especulação gnóstica e a influência do platonismo. O próprio NT não faz qualquer distinção entre uma igreja invisível triunfante e uma igreja militante visível. A igreja, como congregação individual que representa o todo, é sempre visível, e sua justiça e santidade são sempre imputadas pela fé. Lutero reconhece isso quando dá preferência ao termo “congregação” sobre “igreja” em sua tradução da Escritura. Contudo, se o ideal não deve ser contraposto à realidade, já não se deve contrapor toda a igreja à congregação local. Cada congregação representa a igreja toda, a de Corinto não menos que a de Jerusalém. O desenvolvimento de grandes organizações não altera essa verdade básica. Quando há um elemento de mudança constitucional, p. ex., com a ênfase maior em bispos e diáconos do que em dons carismáticos, isso não representa, no NT, uma mudança essencial de uma forma pneumática para uma jurídica. Tal mudança ocorre somente mais tarde quando a especulação altiva sobre a igreja atribui importância divina a desenvolvimentos históricos e assim possibilita o passo do cristianismo primitivo para o “catolicismo” primitivo e posterior.

 

CONCLUSÕES

                Após toda a análise acima, é preciso refletirmos sobre o papel da igreja local em cidades, povos, tribos, raças e línguas sejam alcançadas ou não alcançadas. Assim, precisamos levar em conta algumas questões:

                - A IGREJA NÃO SOU EU, SOMOS NÓS – Eu sozinho, faço parte da igreja. Para ser igreja tem que ser Nós. A idéia de igreja como templo do Espírito Santo e assim sendo individualmente somos este templo como Paulo afirma em I Co 3, não tem como contexto Eclesia e sim o indivíduo cheio do Espírito, fazendo menção ao Naós (Santo dos Santos – AT). Não há contexto de Eclesia aqui. Então a expressão “A Igreja sou eu” é errônea e fora do contexto bíblico, cultural e histórico.

                - FINALIDADE – Não há reunião da eclesia sem uma tarefa ou objetivo. Assim, estar na igreja não é ser igreja. Por isso deve haver requisitos para alguém fazer parte da igreja e estes são alinhados com a finalidade da existência da eclesia. Igreja é eclesia, ou seja, uma reunião com finalidade. E esta finalidade foi estabelecida pelo seu fundador, Jesus: A Grande Comissão e a Direção da Missão – Atos 1:8. Além disso, cada um dos membros da Eclesia Cristã recebeu Dons e deve exercer sua função para o progresso e desenvolvimento da igreja local. Ou seja, ninguém foi chamado à igreja somente para assistir cultos.

                - IGUAIS – Eclesia é reunião de iguais. Não há hierarquia, nem pirâmide. Só funções e tarefas a desempenhar. O trabalho da Eclesia é em equipe. Liderança sempre plural e democrática, debatendo e chegando em consenso, orando e sintonizando a vontade de Deus (Exemplo Atos 15). Mesmo que alguém faça algo diferente do outro, não o torna maior ou melhor em uma Eclesia. Isonomia é a lei na Eclesia.

                - ÁRBITROS DA PALAVRA – O termo correlato ἔκκλητος significa uma comissão formada por 5 homens cidadãos que eram convocados para arbitrar, julgar ou interpretar as leis para definir uma decisão a favor ou contra alguém ou algo. Neste sentido, a Eclesia é formada por pessoas que devem ser bons intérpretes da Palavra para poderem servir de árbitros quando questões precisarem ser decididas. Mas a decisão vem do texto para a vida e não da tradição ou vontades humanas. Cf II Timóteo 2:15; Hebreus 4:12; II Pedro 1:20 e 21

                - DEPENDÊNCIA DE DEUS – A Eclesia, diferente das associações e organizações apenas humanas, não pode decidir baseada apenas em pensamentos ou opiniões humanas. Deus deve sempre vir em primeiro. É fundamental a oração, estudo da Palavra e a busca da vontade de Deus para que as decisões sejam tomadas. Decisões baseadas em tradições, doutrinas de homens ou religiosidades não são de uma verdadeira Eclesia. No caso da igreja, é Deus (ou o Senhor) quem congrega seu povo, de modo que a igreja é a ekklêsía de Deus, que consiste de todos aqueles que lhe pertencem (cf. hólè em Atos 5.11; 15.22). A Eclesia é a ekklesía toú theoú, a Igreja de Deus.

 

 

BIBLIOGRAFIA

Dicionário teológico do Novo Testamento / Gerhard Kittel e Gerhard Friedrich; condensado por Geoffrey W. Bromiley; traduzido por; Afonso Teixeira Filho; João Artur dos Santos; Paulo Sérgio Gomes; Thaís Pereira Gomes. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2013

Dicionário grego-português (dgp): vol. 2 / [equipe de coordenação Daisi Malhadas, Maria Celeste Consolin Dezotti, Maria Helena de Moura Neves]. - Cotia, sp: Ateliê Editorial, 2006

O sentido da Eclesia no Novo Testamento por Edward Hugh Overbey

quarta-feira, 7 de abril de 2021

DEBUGANDO A NOSSA ECLESIOLOGIA


Você sabe o que é DEBUG? É um processo de depuração em um código de programação, para achar erros no sistema. Cada etapa é verificada e arquivada em um relatório. Este arquivo pode ser acessado depois para ver se houve algum erro no programa e assim o programador saberá exatamente onde o programa falhou e porquê. Então ele saberá o local exato para alterar o código e aperfeiçoar seu programa.

                Em sua linha do tempo no Facebook, meu amigo Pr. Jamierson Oliveira escreveu um artigo intitulado “Eclesiologia doente”, onde ele analisa com eficiência nossa eclesiologia e chega à conclusão de que apesar da reunião dos crentes em um local geográfico ser importante, nossa vida cristã não pode se resumir a uma espiritualidade no templo. Concordo em gênero, número e grau com meu amigo. Somando-se a isso o fato de que vivemos em uma era da pandemia, e em nosso caso enquanto escrevo estas linhas, vivemos em nosso país uma segunda onda com 4 mil mortos por dia.

                Mas quero aprofundar a questão neste artigo mostrando o porquê nossa eclesiologia possa estar doente. E para isso, somente fazendo um DEBUG, depurando nossas práticas e analisando friamente o que fazemos. Ao fazer isso precisamos confrontar com as ordenanças do Senhor Jesus para a igreja e chegarmos a conclusões. Vamos lá?

                Para ser breve, quero pegar emprestado os princípios de um gigante da fé. Só a sua biografia já nos dá vergonha ao compararmos com as nossas. Seu nome era Richard Baxter, nascido em 1615, convertido aos 15 anos na Igreja Anglicana (Inglaterra). Já era diácono em 1639 e no ano seguinte ordenado pastor. Trabalhou como Capelão do Exército durante a guerra civil e foi preletor importante. Chegou a ser aprisionado por discordar da forma de culto que era imposta na Igreja Anglicana. Mas o seu maior feito foi o tempo que foi pastor Kidderminster entre os anos de 1647 a 1661.

Nestes quinze anos, nesta aldeia com aproximadamente 2 mil adultos, quase todos se converteram e viveram uma vida piedosa com suas famílias através do pastoreio de Baxter. A ponto da igreja que cabia poucas pessoas ser reformada e acrescentada 5 galerias, para caber as pessoas que não paravam de vir aos cultos. Baxter também instituiu o culto doméstico diário, e o lar se tornou o lugar onde Deus era adorado, onde os membros da família eram respeitados como santos e onde a Palavra de Deus era continuamente ouvida e proclamada.

                O efeito do trabalho de Baxter e da piedade dos crentes se via ao caminhar pelas ruas da pequena aldeia. Nos dias de Culto não se via desordem nas ruas. Podia-se ouvir centenas de família louvando e orando ao Senhor em seus cultos familiares. Baxter visitava todas as famílias, aproximadamente 800, pelo menos 1 vez ao ano. Para isso tinha que visitar de 7 a 8 por dia. E suas visitas não eram casuais ou infrutíferas. Era para ensinar a Palavra, tirar dúvidas e fazer perguntas quanto à vida e entendimento das pessoas em relação a Palavra de Deus.

                E os ensinamentos não eram palavras motivacionais, mas sim doutrinas bíblicas e teológicas, que estavam na boca das famílias e eram o assunto na hora do almoço, jantar e no dia a dia de todos. Em suas palavras vemos a ênfase de seu ministério: “Hoje, a tarefa de ensinar a verdade cristã tem sido reduzida ao mínimo. A pergunta geralmente não é: quanto preciso ensinar. Mas sim: qual é o mínimo que posso ensinar?”. Baxter disse isso em 1640!!

                Quando Baxter deixou o local, além de ter uma aldeia inteira cheia do temor de Deus e estudiosa de sua Palavra, ainda gerou 7 bons pregadores que poderiam continuar seu trabalho. 100 anos depois, em 1743, George Whitefield, famoso evangelista do Despertamento passou pela aldeia de Kidderminster na Inglaterra e relatou: “Senti-me grandemente reanimado ao descobrir que um doce sabor da doutrina, das obras e da disciplina do Sr. Baxter tem permanecido até hoje”

 

                Então resumindo, vamos elencar os principais pontos do ministério de Baxter, ou seja, o que ele ensinou e praticou que tanta diferença fez na vida dos crentes de sua época:

- Ensino da Palavra no Templo

- Culto doméstico em cada família

- Visitas periódicas a todos os membros, não apenas aos doentes e necessitados

- Ensino sistemático e profundo da Palavra de Deus, incluindo doutrinas teológicas

                Claro que existem muito mais coisas envolvidas, mas para uma breve análise vamos ficar com estes 4 pontos e assim debugar nossa eclesiologia comparando com a da época de Baxter. Senão vejamos:

- Ensino da Palavra no Templo – O relato histórico declara que o templo que abrigava poucas pessoas ficou pequeno e teve que ser ampliado. Mas as pessoas iam ao templo para ouvir a Palavra de Deus. Em uma época sem instrumentos eletrônicos, nem luzes e nem internet para transmitir os cultos. A atração principal era a Palavra. E hoje? As pessoas lotam os nossos templos para ouvir a Palavra de Deus? Qual o público que conseguimos reunir em um culto se anunciarmos que a mensagem será sobre “A doutrina da Adoção em Romanos”? Alguns ao lerem meu enunciado nem sequer sabem do que estou falando. Como isso pode ser? Aprendemos técnicas e linguagens difíceis em nossas profissões e matérias na faculdade que cursamos. Nomes científicos e equações complexas. Mas se aprofundar na Palavra de Deus é complicado, achamos. Desnecessário alguns dizem. A letra mata, outros vão dizer. E aqui vemos então nosso primeiro bug. A igreja Brasileira é rasa na Palavra de Deus.

- Culto doméstico em cada família – O culto doméstico é uma prática em algumas igrejas brasileiras. Das mais históricas até as mais pentecostais. Principalmente os mais velhos batem nesta tecla há anos. Sempre disseram que é saudável termos um culto doméstico em nossa família. Muitas igreja também entraram em alguma Visão Celular, ou de Pequenos Grupos, onde uma reunião regular de crentes em uma casa acontece e a Palavra de Deus é pregada e a comunhão é exercida. Mas a verdade é que no Brasil este processo sempre foi criticado, mal visto, e até combatido por muitos. Alguns simplesmente não querem abrir suas casas. Mas a verdade é que igrejas foram plantadas, pessoas foram discipuladas, tudo baseado na idéia da reunião doméstica. E aqui vemos mais um bug da nossa eclesiologia. Apenas agora, em plena Pandemia, sem nenhuma outra alternativa, nos vemos obrigados a reconhecer a importância e a benção que é se reunir em casa com nossas famílias e cultuar a Deus. Alguns crentes nunca tinham feito culto doméstico antes da pandemia! Mesmo cientes dos textos de Atos 2 e Atos 4. Mais um bug pro nosso relatório de erros.

- Visitas periódicas – A prática de visitas de um pastor à suas ovelhas sempre foi uma expectativa dos crentes em geral. Muitos ficam contentes com a visita de seu pastor. Outros ficam surpresos e já desconfiam se o pastor vai pedir algo ou se eles estão em pecado, ou fizeram algo errado. Enfim a questão da visita na igreja brasileira não é bem resolvida. Muitos pastores simplesmente negligenciam esta ferramenta e só visitam quando alguém está doente ou necessitado. E não tem pudor nenhum em afirmar que não vão ficar visitando ninguém, incomodando em suas casas, afinal a pessoa já trabalha o dia inteiro e não quer ser incomodado pelo pastor em seu descanso. Ledo engano. Uma porcentagem muito pequena de cristãos diriam não gostar de uma visita pastoral. Se sentem amados, lembrados e vistos. Baxter sabia disso. E mesmo que guardemos as devidas proporções pela diferença de época em que ele vivia e hoje, desprezar as visitas aos membros, e mesmo as visitas de irmãos para irmãos é um grande erro e soma mais um bug para nossa eclesiologia. Se você está duvidando disso é só pensar comigo: Agora em plena pandemia, queremos visitar as pessoas que amamos e não podemos. Se você pudesse voltar no tempo e visitar mais do que antes, você não faria?

- Ensino sistemático e profundo da Palavra de Deus – por último, mas não menos importante pensemos no Ensino da Palavra de Deus. Mas não estou falando de ensino de revista de EBD apenas, ou de comentários do sermão do pastor de domingo. Estou falando dos crentes criaram o hábito de ler e estudar teologia. Aprender e recitar aquilo que crê. Compreender as doutrinas bíblicas e saber demonstrá-las para quem perguntar. Você querido leitor que é cristão, pode explicar em poucas palavras o que é a Trindade? Pode explicar como é que Jesus é 100% Deus e ao mesmo tempo 100% homem? Pode citar 1 versículo que diga literalmente que o Espírito Santo é Deus? Sabe quem são os personagens Jeú, Amazias e Mefibosete? Pode resumir a vida deles em poucas palavras? Já disse aqui e posso repetir: A igreja Brasileira é rasa na Palavra de Deus. Se ao ler minhas perguntas você se convenceu que este tipo de conhecimento é inútil para nós e não há necessidade de se preocupar com isso, você é a prova de mais um bug da eclesiologia brasileira.

                Finalizando meus pensamentos, não culpo ninguém em especial e nem quero aqui colocar um peso nos ombros de ninguém. Ao mesmo tempo também me incluo, pois faço parte desta igreja brasileira e mais, sou pastor e professor de teologia, portanto formador de opinião neste meio. Mas é fato que a liderança evangélica, principalmente nós pastores, temos deixado muito a desejar para que esta nossa eclesiologia tenha ficado doente e cheia de bugs.

                Oremos ao Senhor para que este tempo de pandemia seja um tempo de reflexão, redenção e resgate dos valores mais básicos do Evangelho. E se precisamos de exemplos basta lembrarmos que estamos na verdade em cima dos ombros de grandes gigantes da fé, como Baxter que citei. Se está difícil e não sabemos por onde começar, voltemos às origens, ao início, ao primeiro amor e resgatemos as primeiras obras. Quem sabe poderemos depurar ao máximo nossa eclesiologia e eliminar todos os bugs. Eu creio que é possível. E você?

Pr. Leandro Silva

segunda-feira, 29 de março de 2021

Crônica de um país do “Agora vai!”

 O Brasil conta 36 anos de presidentes civis, em sua jovem democracia. Em todo este tempo temos sido um país em eterno estado de “Agora vai”. Duvida? Então aperte os cintos e venha comigo em uma jornada pelo tempo. Pronto?

            Sofremos com a morte do presidente que não foi. O presidente que todos queriam e que se agigantava como uma luz no fim do túnel, ao findar uma ditadura de 2 décadas. Mesmo não votando diretamente nele, era o mineiro gente boa que todos queriam. Agora vai! Mas ao invés de vê-lo subindo a rampa do planalto, vimos seu corpo descer à sepultura. Com ele muitas esperanças se foram. E um escritor desconhecido, coronel do maranhão, veste a faixa presidencial e contrata fiscais do povo em todo o país, enquanto anunciava planos e pacotes econômicos milagrosos mas inúteis.

            Sofremos com a morte do piloto na curva Tamburello. O ídolo dos ídolos. Todos o admiravam. Unanimidade internacional. Mesmo não sendo o maior campeão em números de títulos, mesmo sendo ranzinza e colecionando inimizades com seus colegas pilotos, era incensado pelo público. Quem não se lembra das manhãs de domingo, acordar cedo, com o café na caneca e o olho na TV, vibrando com o Beco tremulando a bandeira do Brasil? O tema da vitória popularizou-se em tudo que é canto. Quando morreu, amigos e inimigos disputavam a alça do seu caixão enquanto o país, desgostoso da Fórmula 1, chorava em prantos.

            Finalmente votamos para Presidente! O direito ao sufrágio universal nos foi negado por décadas. E agora poderemos escolher o melhor. Agora vai! Um presidente civil, que pensa como nós, vai saber o que fazer. Assim que subiu as rampas do Palácio, o alagoano colorido confiscou as poupanças de todos. Mesmo fazendo a abertura de comércio exterior, a economia foi à bancarrota, escândalos de corrupção vieram à tona e um irmão dedo duro colocou em cheque o governo do caçador de marajás, que tanto encantou o país com sua jovialidade. O povo foi pra rua e jovens com a cara pintada se tornaram o símbolo do país na época. Muitos protestos se seguiram até que o Congresso ouviu a voz das ruas. Sofremos então com o primeiro Impeachment da história. Quando ele foi deposto, nossas esperanças também foram, somando-se ao fato que no seu lugar assumiu um velho político, da velha política que fez os que os velhos políticos sempre fizeram: Nada.

            Ah, mas teve o Plano Real. Momento mágico da nossa breve história. Única coisa boa do pífio governo do mineiro de Juiz de Fora, que depois de tantos erros, acertou. Colocou um figurão nobre como Ministro da Fazenda e uma equipe de economistas formados no exterior. Veio o fim da hiperinflação! Chega de cortar zeros, chega de salário desatualizado. Chega de correr para o mercado assim que receber para o dinheiro não desvalorizar. Agora, o pobre podia comer bem. O Real era tão forte quanto o dólar! 1 por 1. Viveremos anos de fartura. Agora vai!

O figurão de família nobre, com antepassados que fizeram parte da história da proclamação da República, aproveitou a fama e se lançou candidato ao Planalto. Resultado: Venceu. Mas como a alegria de pobre dura pouco, o câmbio foi desvalorizado, a moeda caiu, empresas do povo foram vendidas a preço de banana e a chamada “herança maldita” começou com um número de milhões de desempregados que desde então e até hoje nunca mais foi solucionado. O professor catedrático ainda conseguiu se reeleger em escândalos de compra de votos a favor da mudança da constituição, pois reeleição era proibido até então. Depois de mais um mandato irregular, o sociólogo importante passou pra história como presidente vaidoso e liberal, mas que acabou com as esperanças de muitos brasileiros de ter uma vida melhor, honrando assim o legado de seu antepassado sanguinário que sugeriu a morte do Imperador Dom Pedro II.

            Uma das poucas alegrias que o brasileiro tem é a música. E uma banda da periferia de São Paulo conquistou o país. Com o nome de uma bolinha com espetos de uma planta verde, estes 4 rapazes tocavam suas músicas indecentes e com letras promíscuas. Mas estouraram de sucesso e os vendedores afirmavam com todas as letras: “É uma porcaria pra ouvir, mas uma beleza pra vender!”. Foram em todos os programas de TV e tocaram em todas as rádios, em uma época que a Internet estava apenas engatinhando no Brasil com imagens estáticas se mexendo na tela do computador. Os guarulhenses foram citados para o Grammy. Sonhavam em fazer um filme. Quem sabe um Oscar? Agora vai! Mas uma tragédia acontece e a alegria é silenciada em um acidente de avião que ceifou a vida do quarteto desbocado. E os brasileiros se viram novamente chorando a perda de algo que lhes dava esperança.

            Falando em Oscar, o Brasil sempre torceu para ter um vencedor de posse da estatueta dourada. E em 1999 o filme “Central do Brasil” concorria com ótimas chances. História sensível e uma super atriz no elenco, que também concorria ao prêmio de melhor de sua categoria. No dia da premiação, milhões de brasileiros grudaram na telinha e torciam como se fosse a final da Copa do Mundo. A gente vai ganhar. Agora vai! Mas como acontece nos anos anteriores com outros filmes e aconteceria nos anos seguintes, a estatueta foi para a mão de mais um gringo. Essa Academia não gosta de nós!

            Os anos 2000 iniciaram-se, deixando pra trás o susto do bug do milênio e a superstição da virada de século. E mal começamos a retomar nossas vidas, veio novamente a esperança no ar. Um ex-torneiro mecânico, candidato insistente da eterna oposição de esquerda radical. Aparou a barba, tirou a roupa de sindicalista e colocou terno e gravata. Acenou para todos e disse que tinha mudado. Ganhou! Finalmente chegou lá um de nós. Alguém que nos representa. Está sentado na cadeira mais importante do país uma pessoa que comeu marmita, pegou ônibus lotado, e sofreu na pele o que o brasileiro comum sofre. E sua biografia não podia ser melhor: retirante nordestino, não terminou o 1º grau, viúvo e com a perda de um dedo fazendo serão e hora extra. Ele era o espelho máximo que o brasileiro precisava. Agora vai!

            E começou bem: Fome zero, Bolsa família, prestígio nos States, a Onu aplaudiu de pé. Foi chamado de “o Cara”. Trouxe a Copa do Mundo novamente para o Brasil e algo inédito: As Olimpíadas. Tinha acesso e permissão pra falar o que bem entendesse e todo o povo encantado com seu jeito popular. Liberou empréstimos, colocou filho de pobre na universidade, e o mercado financeiro e os bancos nunca ganharam tanto dinheiro nessa época. BNDES financiando até os ingredientes para o bolo da Dona Maria, que agora virara micro empresária e gerava emprego. Era o paraíso... fiscal.

Mas o partido da estrela vermelha não contava que um deputado iria ouvir sua consciência e denunciar, incluindo a si mesmo, o maior escândalo, até então, de corrupção já visto na história brasileira. O mensalão. Descobrimos que todo o governo do ex-torneiro estava sentado em um castelo de propinas, corrupção e mortes em todas as áreas e setores deste país. Todo mundo levando sua parte pra ficar caladinho e aplaudir o camarada. Tanto esgoto que até hoje ainda fede. Tempos depois ainda descobriríamos o escândalo das empreiteiras, com construtoras que construíram o país pagando reformas de sítios e apartamentos de luxo. Até chegarmos no Petrolão e descobrirmos que a Petrobrás, maior estatal e o maior orgulho dos brasileiros, estava sendo saqueada em plena luz do dia. O molusco terminou o governo e ainda passou o bastão para uma sucessora. Mas ficou manchado para o resto da vida, e manchou a esperança de milhões de brasileiros.

            Seguimos quebrando um paradigma histórico. Uma mulher foi eleita “presidenta”. Nunca antes na história deste país isto tinha ocorrido. Quantas mulheres se viram representadas, quanta esperança e sonhos reacenderam. Agora vai! Ela era sucessora política do seu antecessor, mas não tinha o carisma, nem a biografia, e nem a habilidade política. Sorridente na frente das câmeras, ignorante com os subalternos por trás. Nem seu marido agradou. Divorciada vivia isolada e sozinha na imensidão do Planalto.

            Em 2013 teve início uma série de manifestações e protestos que cresceriam até o clímax. O início foi por causa de aumentos em tarifa de transporte público. Algumas cidades aumentaram 20 centavos. Depois outras reivindicações foram feitas, como falta de segurança pública, educação, reformas, etc. E o lema: “Não é só 20 centavos” tomou o país. Em Junho de 2013 os protestos chegam no auge quando em Brasília os manifestantes chegam a subir no teto do Congresso Nacional. Os pedidos de “Fora Presidenta” eram também visíveis. O povo sentia que “O Gigante acordou” e a esperança de dias melhores voltava para o brasileiro.

A presidenta terminou o 1º mandato mas não o segundo. A primeira mulher presidente foi a 2ª a levar impeachment. Todos seus antecessores pedalavam. Mas ela insistiu em uma pedalada a mais e isso lhe custou tudo. Pedalou para fora da história, como incompetente e mentirosa, enganando os que votaram nela, pois suas promessas de campanha daquilo que ela não iria fazer, foi exatamente o que ela fez assim que ganhou. A direita dizendo “bem feito!”. A esquerda gritando “É golpe”. As manifestações aos poucos foram diminuindo e as esperanças do brasileiro foram mais uma vez pro buraco.

            No início do 2º mandato da presidenta, uma operação da Polícia Federal teve início. Uma equipe de policiais se dirigiu a um posto de gasolina, onde funcionava um escritório em uma sobreloja. Eles obedeciam o mandato de busca e apreensão emitido por um juiz do Paraná, de 1ª instância, desconhecido até então. Ele trabalhava com um procurador do mesmo estado, cristão evangélico. Descobriu-se então um esquema ilícito, que resultou na prisão de dezessete pessoas em sete estados entre elas um doleiro que entrou pra história. Cinco milhões em dinheiro, 25 carros de luxo, jóias e obras de arte foram apreendidas. O nome escolhido para operação fazia menção do local onde estava o escritório: Operação Lava-Jato.

            Daí em diante a Lava Jato se tornou a esperança para os brasileiros e o terror para os corruptos e bandidos. A cada operação mais bandidos eram presos, mais esquemas eram desmontados e mais dinheiro voltava para os cofres públicos. Os presos, em troca de terem suas penas abrandadas, abriam o bico em delações premiadas. O que se descobriu foi o que já suspeitávamos: Políticos corruptos estavam envolvidos, cobrando e pagando propinas em todas as esferas e em muitos municípios e estados do Brasil. Rapidamente os líderes da operação ficaram conhecidos e respeitados no país todo. O juiz de 1ª instância e o procurador crente estavam em todos os jornais e revistas. Viraram celebridades. A capital da República foi mudada moralmente para Curitiba. E em Brasília, os joelhos tremiam, os arquivos eram queimados e os elos mais fracos das correntes eram mortos. A população sorria e via a esperança renascer. Agora neste país corrupto vai pra cadeia. Agora neste país a impunidade acabou. Agora vai!

            O auge da Lava jato foi a prisão do ex-presidente apelidado de molusco. O procurador crente ficou mais famoso ainda quando estampou o nome do companheiro em um slide de Power Point. Slide este que ligava todos os esquemas da Lava Jato descobertos até então a um único círculo no meio. Dentro do círculo o nome do ex-torneiro. Foi o suficiente para o juiz pedir a prisão. O país dividido que estava ficou mais polarizado ainda. Mas a fatia mais voltada à direita urrava de satisfação ao ver o espetáculo que a TV e a Internet, em todos os canais passavam 24 horas por dia o passo a passo da prisão do corrupto mor, o bandido que matou a esperança de uma nação. Enquanto que a fatia mais à esquerda gritava de ódio e pintavam um novo lema repetido à exaustão. Ele relutou mais se entregou e ficou 500 dias preso, em um esquema especial, dentro de uma sala na Polícia Federal da República de Curitiba. O juiz deu 9 anos de sentença que a turma da segunda instância aumentou pra 12 anos, até os direitos políticos do camarada foram retirados. Festa maior só no Carnaval. Mas as ruas foram tomadas de verde esperança e amarelo de alegria. Agora foi! Será?

            2018 chegou e uma oportunidade enorme apareceu. Um ex-capitão, reserva do exército, com passagens polêmicas como vereador do RJ percebeu isso 4 anos antes. E começou sozinho a fazer campanha eleitoral pelo país. A experiência de 27 anos como deputado o deixou preparado pra lidar com os esquemas, pular as barreiras e ultrapassar os obstáculos. Quando a campanha começou surgiu como candidato e automaticamente se transformou em piada na boca de todos. O baixo clero não chega lá! Quem é este radical? Defensor da ditadura e torturadores? Nem precisamos nos preocupar. Mas como o orgulho precede a queda, o capitão ganhou e se tornou o 33º presidente do Brasil. Com a promessa de fazer um governo que não fosse ideológico, dar mais liberdade para o povo e para o livre capital, a esperança voltou a reinar. Um povo cansado de promessas vazias e de escândalos de corrupção viu nele um anti-herói e votou nele pra não votar no poste do outro. Pior que tá não fica. Agora vai!

            Foi... pra pior. Mal sentou-se na cadeira o capitão se viu travando uma luta contra toda a imprensa, setores inteiros do país, e um congresso e senado desfavoráveis. Seu passado veio à tona em esquemas de rachadinha, um assessor atrapalhado que fazia depósitos escusos na conta da 1ª dama, e um filho mais sujo na corrupção que pau de galinheiro. E pra deixar claro que pior que tá fica, 2020 chega e vivemos uma pandemia de proporções colossais, morrem muitas pessoas por dia de Covid 19, um vírus que surgiu na China e tomou o mundo todo de assalto. O capitão que não tinha tanta habilidade pra governar, montou um ministério de notáveis, mas que ficaram totalmente de mãos atadas, pois não conseguem fazer nada frente ao caos e a tragédia. Pra piorar ainda contamos com o negacionismo e a demora em tomar decisões pela vacinação. E mais ainda: governadores que roubaram o dinheiro enviado para a saúde, montaram hospitais de campanha superfaturados e pasmem, compraram caixas de vinho enganados, ao invés de respiradores. Um espetáculo de horror, sangue e morte regados a máscara e álcool gel.

            Fim de 2020, a pandemia reduz e a esperança se acende novamente. Agora vai! Vamos voltar ao normal. Vamos sair de casa. Mas a pandemia avança de novo, e o Brasil vive uma segunda onda, que mata mais do que a primeira e mostra o despreparo total dos governantes que batem cabeça e falam e desfalam um contra o outro. E o povo preso em casa assistindo Corona Nacional para ouvir o ex da Fátima relatar pela milionésima vez os números de mortos. E assistir intermináveis reportagens com cadáveres e pessoas de cama escancaradas na TV em horário nobre. Até o “Show da Vida” virou “Show da morte”.

           
Ah! Quase ia me esquecendo. Sabe a Lava Jato? Acabou. O STF começou a aceitar recursos e mais recursos contra a operação. A operação foi se desmontando aos poucos. Sabe o juiz? Largou a toga pra virar ministro da Justiça. O salvador! Um super ministro. O capitão sorria que mal cabia de entusiasmo em si mesmo. Mas o juiz que era um leão na vara jurídica, se mostrou um gatinho na pasta ministerial. 1 ano e meio depois renunciou, atirando pra todo lado, mostrando sua ineficiência e culpando tudo e todos. O procurador crente se retirou da operação, levando processos e mais processos, até pelo slide de Power Point. A operação Lava Jato foi lavada e proibida de continuar. Por fim presos foram soltos e fugiram. O STF chegou a dizer que a Lava Jato era uma máfia e começou a desfazer tudo o que tinha sido feito. E achávamos que pior que tava não ficava...

As duas últimas notícias quentinhas: O molusco metralhou o STF com recurso atrás de recurso, até que conseguiu a anulação dos processos e seus direitos políticos de volta. E sabe o juiz? Foi julgado parcial e o restante dos processos voltaram para a 1ª instância e o molusco tem mais 2 séculos pela frente para recorrer solto e impune. E as esperanças do brasileiro de um país sem corrupção afundaram na lama.

2022 se aproxima e o embate do século já está anunciado: Esquerda x Direita. Rocky x Ivan Drago. Molusco x Capitão. E o país polarizado que estava, agora está quase dividido em duas nações, que podemos chamar de Estados Unidos do Brasil e República Socialista do Brasil. Onde vamos parar? O que vai acontecer? Agora vai??? Que venham as cenas do próximo capítulo, que serão devidamente anunciadas pelo ex da fátima na Vênus Platinada.

Encerrando esta nossa breve viagem pelo túnel do tempo da história deste país tupiniquim, me veio à mente um trecho de uma canção. Um grupo de rock, nascido na capital de JK, inovou cantando uma música de mais de 10 minutos. Uma crônica, como esta que está acabando neste parágrafo. E nela, um jovem com sobrenome russo canta a história de um caboclo que tinha um desejo só: “Ele queria era falar pro presidente pra ajudar toda essa gente que só faz ... sofrer”.

quarta-feira, 17 de março de 2021

Avivamento no Brasil – Passado, Presente ou Futuro?



    
        Desde muito tempo ouço dizer que Deus está pra enviar um avivamento em toda a Terra, antes do fim dos tempos. Em minha época de seminarista, orávamos por isso nos cultos e aulas, crendo que seríamos obreir
os num futuro próximo, pastoreando igrejas e presenciando este avivamento em nossa geração. Depois comecei a estudar mais a fundo e descobri que muitas profecias diziam respeito especificamente ao Brasil. Que um avivamento viria sobre o Brasil e se espalharia ao redor do Globo.

Quase 30 anos se passaram e este avivamento não aconteceu ainda em nossa geração. Muitos moveres do Espírito tiveram lugar em cidades e regiões, sim é verdade. Mas ao olhar para a história dos avivamentos, e verificar o padrão, o descontrole total do homem e o total controle de Deus quando ocorre um verdadeiro avivamento, sou obrigado a dizer que nunca vivemos um avivamento nesta geração, da década de 70 até hoje.

Sei que alguns podem discordar de mim, mas analisem comigo. Não estou falando de moveres onde pessoas se convertem, onde há libertação e bênçãos espirituais e materiais são derramadas. Isto acontece em nossos cultos e creio firmemente que Deus está operando dessa forma. Mas creio que estes moveres aconteceram e acontecem ainda hoje no Brasil fruto do cumprimento da promessa de Deus aos missionários europeus e americanos. Eles que tanto choraram por esta nação. Deixaram suas pátrias, vieram para cá. Alguns morreram de doença, deram seu sangue em perseguições. Outros viajaram milhares de quilômetros por décadas. Plantaram igrejas, batizaram, foram perseguidos pela igreja católica dominante aqui, e sempre clamaram ao Senhor para que um dia o Brasil pudesse conhecer a glória de Deus.

Também temos muitos homens e mulheres de oração. As irmãos do “coque” do círculo de oração que queimam por Jesus e oram pelos maridos, filhos e parentes não cristãos. Pais, mães e avós que intercedem pelos seus queridos pedindo proteção, segurança e livramento. Quem de nós não tem uma história de livramento onde soubemos depois que alguém intercedia pela nossa vida naquele exato momento? Os moveres de Deus, conversões e a presença que sentimos no culto são a resposta divina a todas estas orações que encheram os cálices no céu.

Só isto já é maravilhoso, pois lembremos que muitas nações ainda estão fechadas para o Evangelho, muitas línguas ainda nem possuem a tradução da Bíblia e muitos países da Europa, por exemplo, que antes eram celeiros de missões, agora são campos missionários e precisam de ajuda. Ver o poder de Deus e igreja fortes e saudáveis em nosso Brasil já é motivo de sobra pra agradecer a Deus.

Mas não é sobre isso que falo. Não falo de moveres ou de sentir a presença de Deus nos cultos. Isto não é avivamento. Avivamento não pode ser fabricado. Avivamento não pode ser planejado ou programado. Avivamento é uma ação direta e exclusiva de Deus, quando ele se manifesta de tal forma em um lugar, uma pessoa, uma cidade ou uma nação que a história nunca mais será a mesma. Não há controle, não há agendas, não há sensatez. É um caos divino! Deus operando e intervindo totalmente de forma que curas, milagres e conversões são automáticas. O poder de Deus é tangível e quase podemos tocar.

Quando digo padrões em avivamento, digo que algumas características básicas são verificadas nos avivamentos que já ocorreram na história. Vejamos:

1 - Unidade do Povo de Deus – As barreiras denominacionais caem. Ninguém mais quer discutir pontos de teologia, soteriologia ou formas de liturgia. Todos estão unidos, como Corpo de Cristo na terra para ser os pés e mãos de Jesus, e fazendo como ele, andando por toda parte proclamando o Reino de Deus;

2 – Chamado à oração – Os cultos de Prosperidade, Cura, Libertação, Busca do Espírito Santo, Doutrina – não são mais necessários. Nenhum artifício mais é necessário para chamar a atenção do povo, pois todos estarão com tanta sede e fome de Deus que estarão orando e buscando a face do Senhor. E as curas, milagres, libertações e maravilhas acontecem naturalmente no meio do seu povo.

3 – Palavra de Deus – Uma forte onda de vontade de conhecimento da Palavra invade as pessoas. Todos querem saber mais e mais da Bíblia. Querem ler, conhecer. Os professores e pastores mestres ficam exaustos de tanta aula e estudo bíblico que ministram ao povo. Os cultos demoram 4, 5 horas e se repetem sendo que algumas igrejas chegaram a fazer 7 cultos por domingo. E nos dias de semana, as igrejas ficavam abertas para que na hora do almoço as pessoas passassem para orar pelo menos meia hora e escutarem uma porção da Palavra de Deus.

4 – Perseguição e descontrole – Resultado de um avivamento genuíno em uma nação ou cidade é o descontrole. Os entornos de uma igreja, por exemplo, nos dias de culto ficam tão lotados que as ruas e avenidas próximas ficam engarrafadas. Protestos de moradores são comuns e os jornais começam a noticiar que os crentes estão fazendo desordem. A perseguição e calúnia que já é normal contra os crentes aumenta muito, a ponto de jornais fazerem charges satirizando o que acontece nos cultos. Muitos jornalistas entram disfarçados nos cultos para ver o que está acontecendo. E muitos saem maravilhados quando não convertidos.

Basta uma breve pesquisa na história e vamos perceber que Deus já fez tantas vezes um avivamento em nações, através de pessoas ou igrejas. Existem livros inteiros apenas sobre este assunto. Você já deve ter ouvido falar de alguns deles, vou nomear aqui brevemente os avivamentos acontecidos depois da Reforma Protestante, pois antes desta também ocorreram outros:

- Avivamento entre os Morávios – 1727 - Perseguidos por muitos, eles se refugiam nas terras de um conde, e começam um movimento de oração que durou 100 anos ininterruptos. Como resultado, enviaram missionários de sua pequena vila para todos os 5 continentes do mundo;

- O Grande Despertamento – 1735 - Através de Jonathan Edwards e George Whitefield, a América do Norte experimentou um avivamento chegando-se ao número de mais de 50.000 almas convertidas naquele período;

- O Avivamento Metodista – 1739 – John Wesley e seus amigos foram cheios do poder de Deus em uma reunião familiar, na Inglaterra. A partir dali saíram para pregar. Mesmo expulsos de suas paróquias anglicanas, eles pregavam nas ruas, casas e onde as pessoas parassem pra ouvir. O fogo do Espírito se espalhou pelo país e muitos foram salvos. Os historiadores afirmam que a Inglaterra não repetiu a sanguinolência e crueldade da Revolução Francesa por causa de John Wesley e seus joelhos dobrados pela nação;

- As cruzadas de D.L. Moody – 1871 – Moddy foi cheio do Espírito Santo de tal forma que teve que pedir pra Deus parar. Depois disso seus sermões e mensagens foram cheios do poder de Deus e milhares começaram a se converter. Em 1873 Moody e um músico, Ira Sankey, começaram a percorrer cidades dos EUA e Inglaterra, levando o Avivamento;

- Avivamento no País de Gales – 1904 - Deus usa a vida de Evan Roberts, então com 26 anos pra incendiar todo um país;

- Avivamento da Rua Azuza – 1906 – Em Los Angeles Willian Seymour e outros crentes foram cheios do Espírito e começaram a experimentar o que a igreja do NT experimentara. Pessoas do mundo todo vieram para ver e o avivamento espalhou-se pelo mundo todo. Muitos consideram Azuza como o berço do pentecostalismo ocidental;

- Avivamento das Ilhas Fiji – Década de 80 - Após um pedido de perdão oficial pelo governo nacional aos descendentes de um missionário assassinado por uma tribo canibal, as igrejas daquela nação começam a experimentar um poder de Deus nunca antes visto;



Estes e muitos outros que não mencionei aqui nos mostram que Deus está interessado em derramar um Avivamento. Ele já fez isso e pode fazer de novo. E se cremos na voz profética e muitos homens e mulheres de Deus já se levantaram pra profetizar que o Brasil será o alvo de um avivamento, creio que precisamos nos preparar para isso então. Abaixo segue uma lista de vários vídeos que você pode assistir com calma, de diferentes pessoas, de diferentes épocas e lugares, de várias denominações diferentes. Todas dizendo a mesma coisa: Deus vai enviar um avivamento no Brasil, para as nações:

Profecia no Canadá - https://youtu.be/aLISiEYi7r0
Benny Hinn - https://youtu.be/46sSVWqZ-fI
Cindy Jacobs - https://youtu.be/4nNQLRCr9XA
Camila Barros - https://youtu.be/-mFsJYJNIic
Profeta americano no Cristo Redentor - https://youtu.be/6p5Xsjmb59s
Vários pastores e líderes no The Send - https://youtu.be/VK1UkUHOHuk
Profeta Africano David Owuor em 2015 - https://youtu.be/3l5SzAsupio
Profeta americano em sala de aula - https://youtu.be/_B3SlVh1ny0
Pastor pregando na The Send School - https://youtu.be/qeHSGLaJhAQ

Abaixo também segue um link para você conferir as diferentes opiniões de pastores e líderes evangélicos brasileiros sobre o que é Avivamento e se o Brasil está experimentando ou não um Avivamento: https://www.revistaimpacto.com.br/biblioteca/esta-o-brasil-experimentando-um-avivamento/

Por fim, quero encerrar mencionando uma conversa entre a filha de Billy Graham Ane Graham com sua mãe Ruth Graham:

“Com todas as reuniões do meu pai e os eventos que aconteceram, por que não tivemos um avivamento?” “E minha mãe disse: ‘É porque não estamos desesperados o suficiente’. Portanto, sempre senti que algo precisava ser o gatilho”

Será que a pandemia do Corona Vírus é este gatilho? Este ataque invisível que estamos todos sofrendo é a trombeta tocando, nos chamando em uma convocação solene para declarar “Santidade ao Senhor”?? Para que possamos nos consagrar, clamar, batalhar e libertar em nome de Jesus todos os oprimidos do Diabo. E clamar: “O Espírito e a Noiva dizem: Vem”. Maranata! Vem Senhor Jesus, vem com o fogo do avivamento no Brasil. Espero e oro sinceramente que ainda esteja vivo para presenciar este derramar poderoso do Espírito sobre nossa nação, onde não haverá politicagem, mercantilismo, placas de igrejas, celebridades ou vendilhões do templo. Apenas a doce e poderosa voz do Senhor falando. 
Aleluia!

Leandro Silva