Uma
entrevista interessante
Em uma suposta entrevista de emprego, um pastor de meia idade tenta
retornar para o mercado de trabalho. Para isso tenta impressionar o
entrevistador com seu currículo, repleto de experiências eclesiásticas, do alto
de seus 25 anos como pastor integral de várias igrejas:
- O senhor tem quantos anos?
- 55 anos em plena forma.
- Sei... e nesta igreja que o senhor ficou 25 anos teve alguma
experiência?
- Muitas meu filho. A cada dia uma experiência nova, uma novidade.
Quando alguém lida com pessoas tanto tempo como eu, você vive cada coisa!
- E quais habilidades o senhor adquiriu neste tempo todo?
- Olha rapaz, foram muitas. Assim de cabeça não me lembro direito...
vou tentar enumerar aqui algumas:
- Ouvidor de
problemas alheios – fiz muito isso;
- Motorista
particular de todos que não tem carro – Gastei gasolina equivalente a dar a
volta ao mundo 3 vezes;
- Dirigente de
culto de oração com 5 pessoas – Nesta habilidade fiquei craque!
- Credor e fiador
de cantina – Todos os que tinham fome mas sem dinheiro, me pediam para
“emprestar” uns reais para comer... Tenho alguns nomes em minha mente de muitos
que ainda me devem...Será que um dia recebo meu investimento?
O entrevistador
arregalou os olhos e disse:
- Você está
brincando comigo? Nossa empresa é uma das mais conceituadas no mercado e
precisamos de pessoas habilitadas e capacitadas. Isso aqui não é brincadeira. Estou
falando sério!
Eu também,
respondeu o pastor. – E lembrei de mais habilidades ainda, escuta só:
- Substituto de
músico que falta – já toquei teclado, violão, baixo e até bateria. Alguns
músicos sempre faltam, contando que qualquer coisa o pastor tá lá pra ficar no
seu lugar;
- Guia dos
caminhos nas saídas da igreja – Ninguém nunca sabe o caminho dos lugares quando
saímos em comboio com carros. Com ônibus então, se eu não sentar na frente pra
falar o caminho pro motorista, não chegamos nunca;
- Servente de
pedreiro – Toda obra na igreja os irmãos chamam o pastor para dar uma “mão”,
que é carregar areia e pedra;
- Carreto de
mudança – Quanta experiência em montar e desmontar mobília. Ganhei o campeonato
de rapidez várias vezes. O que não entendo é que normalmente usam minhas ferramentas
e não devolvem...;
- Mediador de
conflitos – Já apartei mais briga que juiz de boxe. E claro já levei algumas
bordoadas que sobraram para mim;
O entrevistador
se levantou fazendo menção de terminar a entrevista. Pigarreou e ia dizer algo,
quando o pastor interrompeu:
- Não amado, não
terminei não. Senta aí que tem muito mais – O entrevistador sentou com a cara
amarrada e olhou para o relógio, contando os minutos. O pastor continuou:
- Cozinheiro e
faxineiro em retiros – Pra não ter muita despesa, o pastor pode ajudar, afinal
de contas ele está aí né?
- Digitador de
currículos e textos escolares – Sempre com aquele pedido: “Imprime pra mim
pastor? Eu preciso entregar hoje”;
O entrevistador
viu que não podia encerrar a conversa, resolveu prestar atenção no que o pastor
falava pra ver se ele terminava logo. Perguntou:
- E o senhor era
pago por tudo isso é claro? Ganhava bem?
- Pago? Não...
Não era pago por essas coisas não.
- Mas o senhor era
contratado por essas igrejas para fazer o que?
- Pregar a
Palavra de Deus e orar pela igreja, pastoreando segundo a vontade do Senhor.
- E o senhor
fazia isso?
- No tempo que me
sobrava eu fazia sim. Mas confesso que as outras coisas me tomavam tanto tempo
que não conseguia, e às vezes, quando ia pregar ou orar ficava com medo de que
as pessoas na igreja percebessem que eu não tive muito tempo para preparar.
- E elas
percebiam?
- Não, nunca.
Para elas se eu fizesse todas as outras coisas estava fazendo um bom trabalho e
era elogiado e bem visto por todos.
- Mesmo que não
fossem estas as tarefas pelo qual o senhor foi contratado?
- Exato.
De repente o
entrevistador foi tomado por uma indignação e falou bravo:
- Mas isso é
acúmulo de função, um absurdo! E sua saúde? E sua família, as pessoas não ligam
para isso? O que elas querem: Um pastor ou um empregado?
O pastor, com
serenidade e baseado na larga experiência que tinha respondeu calmamente ao
entrevistador:
- Mas eu sou
empregado, querido. Na verdade um servo. E a Palavra de Deus descreve que mesmo
fazendo tudo o que me pedem sou um servo inútil.
- Inútil? Mas o
senhor se matava fazendo tudo pra todos. E o que ganha com tudo isso?
- Experiência e
habilidade para chegar aqui e estar habilitado para a vaga que vim buscar!
O entrevistador
sorriu, pegou uma ficha e disse ao pastor:
- Está
contratado. Preencha esta ficha e vou preparar a papelada.
O pastor começou
a preencher a ficha. Em um dos campos estava escrito:
- Último
empregador?
O pastor
escreveu: “Deus”.
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