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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Uma entrevista interessante

Uma entrevista interessante

Em uma suposta entrevista de emprego, um pastor de meia idade tenta retornar para o mercado de trabalho. Para isso tenta impressionar o entrevistador com seu currículo, repleto de experiências eclesiásticas, do alto de seus 25 anos como pastor integral de várias igrejas:

- O senhor tem quantos anos?
- 55 anos em plena forma.
- Sei... e nesta igreja que o senhor ficou 25 anos teve alguma experiência?
- Muitas meu filho. A cada dia uma experiência nova, uma novidade. Quando alguém lida com pessoas tanto tempo como eu, você vive cada coisa!
- E quais habilidades o senhor adquiriu neste tempo todo?
- Olha rapaz, foram muitas. Assim de cabeça não me lembro direito... vou tentar enumerar aqui algumas:
                - Ouvidor de problemas alheios – fiz muito isso;
                - Motorista particular de todos que não tem carro – Gastei gasolina equivalente a dar a volta ao mundo 3 vezes;
                - Dirigente de culto de oração com 5 pessoas – Nesta habilidade fiquei craque!
                - Credor e fiador de cantina – Todos os que tinham fome mas sem dinheiro, me pediam para “emprestar” uns reais para comer... Tenho alguns nomes em minha mente de muitos que ainda me devem...Será que um dia recebo meu investimento?

                O entrevistador arregalou os olhos e disse:
                - Você está brincando comigo? Nossa empresa é uma das mais conceituadas no mercado e precisamos de pessoas habilitadas e capacitadas. Isso aqui não é brincadeira. Estou falando sério!
                Eu também, respondeu o pastor. – E lembrei de mais habilidades ainda, escuta só:
                - Substituto de músico que falta – já toquei teclado, violão, baixo e até bateria. Alguns músicos sempre faltam, contando que qualquer coisa o pastor tá lá pra ficar no seu lugar;
                - Guia dos caminhos nas saídas da igreja – Ninguém nunca sabe o caminho dos lugares quando saímos em comboio com carros. Com ônibus então, se eu não sentar na frente pra falar o caminho pro motorista, não chegamos nunca;
                - Servente de pedreiro – Toda obra na igreja os irmãos chamam o pastor para dar uma “mão”, que é carregar areia e pedra;
                - Carreto de mudança – Quanta experiência em montar e desmontar mobília. Ganhei o campeonato de rapidez várias vezes. O que não entendo é que normalmente usam minhas ferramentas e não devolvem...;
                - Mediador de conflitos – Já apartei mais briga que juiz de boxe. E claro já levei algumas bordoadas que sobraram para mim;

                O entrevistador se levantou fazendo menção de terminar a entrevista. Pigarreou e ia dizer algo, quando o pastor interrompeu:
                - Não amado, não terminei não. Senta aí que tem muito mais – O entrevistador sentou com a cara amarrada e olhou para o relógio, contando os minutos. O pastor continuou:
                - Cozinheiro e faxineiro em retiros – Pra não ter muita despesa, o pastor pode ajudar, afinal de contas ele está aí né?
                - Digitador de currículos e textos escolares – Sempre com aquele pedido: “Imprime pra mim pastor? Eu preciso entregar hoje”;
                O entrevistador viu que não podia encerrar a conversa, resolveu prestar atenção no que o pastor falava pra ver se ele terminava logo. Perguntou:
                - E o senhor era pago por tudo isso é claro? Ganhava bem?
                - Pago? Não... Não era pago por essas coisas não.
                - Mas o senhor era contratado por essas igrejas para fazer o que?
                - Pregar a Palavra de Deus e orar pela igreja, pastoreando segundo a vontade do Senhor.
                - E o senhor fazia isso?
                - No tempo que me sobrava eu fazia sim. Mas confesso que as outras coisas me tomavam tanto tempo que não conseguia, e às vezes, quando ia pregar ou orar ficava com medo de que as pessoas na igreja percebessem que eu não tive muito tempo para preparar.
                - E elas percebiam?
                - Não, nunca. Para elas se eu fizesse todas as outras coisas estava fazendo um bom trabalho e era elogiado e bem visto por todos.
                - Mesmo que não fossem estas as tarefas pelo qual o senhor foi contratado?
                - Exato.
                De repente o entrevistador foi tomado por uma indignação e falou bravo:
                - Mas isso é acúmulo de função, um absurdo! E sua saúde? E sua família, as pessoas não ligam para isso? O que elas querem: Um pastor ou um empregado?
                O pastor, com serenidade e baseado na larga experiência que tinha respondeu calmamente ao entrevistador:
                - Mas eu sou empregado, querido. Na verdade um servo. E a Palavra de Deus descreve que mesmo fazendo tudo o que me pedem sou um servo inútil.
                - Inútil? Mas o senhor se matava fazendo tudo pra todos. E o que ganha com tudo isso?
                - Experiência e habilidade para chegar aqui e estar habilitado para a vaga que vim buscar!
                O entrevistador sorriu, pegou uma ficha e disse ao pastor:
                - Está contratado. Preencha esta ficha e vou preparar a papelada.
               
                O pastor começou a preencher a ficha. Em um dos campos estava escrito:
                - Último empregador?
                O pastor escreveu: “Deus”.

FIM