Bem Vindos

Amados


Este é nosso novo endereço na web.

Para dúvidas, sugestões, convites, mande um e-mail para:

leviartisa@gmail.com

terça-feira, 5 de maio de 2020

AC/DC - Antes do CORONA – Depois do CORONA

Como será o novo mundo depois que o coronavírus passar? | NeoFeed

Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se as não tivessem; E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa.
(1Co 7:29-31)

            Recentemente me foi perguntado: Qual sua opinião sobre como a igreja será depois desta pandemia? Quando passar todo o problema do vírus, quando voltarmos ao normal, como vamos realizar missões? Foi uma pergunta que apesar de muito atual, me pegou de surpresa. Minha resposta foi resumida, de bate pronto, mas não irrelevante. Até porque é um assunto que estamos pensando e desejando muito, que tudo isso acabe logo. O que respondi naquela ocasião, vou expressar neste artigo de forma mais explanada.
            Iniciando esta opinião me baseio no texto citado acima. O Apóstolo Paulo está respondendo aos irmãos da igreja de Corinto perguntas sobre casamento, relacionamento e afins. Ao mesmo tempo o velho apóstolo está preocupado com o trabalho na obra de Deus e suas necessidades. Principalmente na questão do tempo, pois era evidente para os irmãos daquela época a iminência da volta do Senhor Jesus a qualquer momento. Então apesar de ser muito importante decidir bem sobre as questões de relacionamento, casamento e sexualidade, Paulo quer colocar uma ordem de prioridade nisso tudo. E a prioridade que ele sugere é que frente ao pouco tempo que tinham, a obra de Deus deve ser feita com um senso de urgência.
            Ele afirma que o tempo se abrevia, e que a aparência deste mundo passa. Estas palavras são ainda mais atuais e contundentes em nosso momento atual. Se para o apóstolo escolher entre casar e fazer a obra de Deus era algo a se pensar, dado que tanto uma decisão como outra demandará tempo e dedicação para tal. Se escolho casar e ter um relacionamento tenho que me dedicar e investir tempo na outra pessoa, na relação, na cerimônia, na casa que vou morar, nos móveis e todo o pacote que um casamento gera. Se escolho a obra de Deus, vou me dedicar entre o preparo, o conhecimento, a oração, a consagração e dedicar todo o tempo para as coisas de Deus. Frente a tudo isso, o apóstolo alerta: O tempo se abrevia. Então, se não temos muito tempo, o que devemos escolher? Qual caminho devemos seguir?
            Antes que alguém diga que estou julgando algo ou alguém, espere um pouco. Não estou afirmando que escolher casar e ter um relacionamento ao invés da obra de Deus, é algo egoísta ou ruim. Não, pelo contrário. Também não estou dizendo que escolher fazer a obra de Deus em detrimento de um relacionamento é super espiritual. É preciso discernir os tempos, algo que nem sempre sabemos fazer bem.
            Mas estamos vivendo algo que nossa geração nunca viveu. Pandemia parecida com essa apenas a famosa Gripe Espanhola que assolou o mundo e se deu na época de 1920 mais ou menos. Ou seja, 100 anos depois o mundo novamente tem que parar e se resguardar, além de contar seus mortos... Depois de um tempo como esse, é salutar e fundamental perguntar: O que vamos fazer quando tudo voltar ao normal?
            Primeiro entendo que nunca mais voltaremos ao “normal”. O que era o “normal”? Era bom? Era saudável? Era importante? Todos os cuidados e recomendações médicas sobre distanciamento, máscaras e depois uma possível vacina estarão em nosso cotidiano por muitos anos ainda. Outra questão é que também pode acontecer possíveis ondas de surto, ou retornos de contaminação, pois a população nem sempre obedece as regras. Nações, cidades e povos não são mais os mesmos nem nunca serão. Pessoas se foram, celebridades ou anônimas, e deixaram uma lacuna em algum lugar.
            Frente a tudo isso entendo que vivemos hoje exatamente o sentimento que o apóstolo Paulo expressa em sua carta aos Coríntios. O tempo se abrevia, a aparência do mundo está passando. Não temos tempo a perder. Dito isto, quando as coisas flexibilizarem, a poeira abaixar, as primeiras atitudes serão pensando em resolver a situação econômica do país e das famílias, visto que muitas empresas fecharam suas portas, muitas famílias sobrevivem com ajuda do governo e das igrejas. Isso está refletindo em nossas igrejas, sobretudo nas finanças, pois a redução das entradas da igreja é reflexo dos irmãos que foram demitidos, ou são autônomos e profissionais liberais que não tem mais o salário para poderem ofertar e dizimar.
            Fomos empurrados para uma nova divisão em nossa história. AC e DC. Os livros de história escreverão e nós contaremos para nossos filhos e netos como era Antes do Corona. Mas quando estivermos DC, Depois do Corona, o que vamos fazer? Vamos viver a mesma vida, o normal de antes? Vamos simplesmente virar a página e continuar perdendo tempo e dinheiro em coisas que não são úteis? O Profeta Isaías adverte: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?” (Isaías 55:2), enfatizando o porquê o povo de Israel perdia tempo e dinheiro naquilo que não era importante.
            Este momento é único em nossa história. Um novo divisor de águas. O DC tem que ser melhor que o AC! Temos que sair na outra ponta não apenas sobreviventes, mas aptos para uma vida plena em todos os sentidos. E entendo eu que isso se traduz em uma palavra: FOCO. Será tempo de focar nas coisas que realmente importam, na essência do que realmente é importante. Nas tarefas que deixarão legado e herança para o futuro. Amar as pessoas, servir os necessitados, ajudar os que precisam, perdoar dívidas e ampliar amizades. Abraçar e se relacionar com quem vale a pena. Sair de onde não somos valorizados e entrar onde realmente necessitam de nós.
            Terminar aquele curso que você não terminou. Reativar aquele relacionamento que você rompeu. Ler os livros que você prometeu um dia ler. Tomar aquela decisão que você está procrastinando há anos. Romper com o que te atrapalha e se abrir para as coisas boas e novas, principalmente de Deus. Mudar de profissão, de cidade, de ares, de vida!
            Já que não temos mais tanto tempo quanto tínhamos antes, e com certeza temos menos tempo hoje do que na época do Apóstolo Paulo, qual deveria ser o foco principal da Igreja do Senhor Jesus nesta terra? Não seria voltar nossa atenção as prioridades que o próprio Deus estabeleceu? Dois versículos famosos nos lembram destas prioridades:

Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. Atos 1:8

Sempre fiz questão de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido - Romanos 15:20

           Traduzindo em termos mais concretos, não é hora de deixarmos todo o restante para segundo plano e focarmos em PLANTAÇÃO DE IGREJAS, de forma missional e intencional?
Missional – Uma igreja que seja bíblica, saudável e relevante, contextualizada em uma comunidade de tal forma que comunique o evangelho de forma eficiente, atraindo os não cristãos para Cristo.
Intencional – Um grupo de irmãos plantadores de igreja que se desloquem para um local geográfico não alcançado, ou pouco alcançado, com a intenção de provocar o surgimento de uma igreja, uma comunidade de fé que se reúna em um local específico.
            Em nosso próprio país temos 8 segmentos menos evangelizados, em especial podemos destacar 2 destes grupos: Imigrantes e Sertanejos. Todas as grandes cidades tem grupos de imigrantes morando próximos a nós. Podemos evangelizar haitianos, bolivianos, paraguaios, chineses, árabes, e outros que moram próximos a nós. Talvez nunca teríamos oportunidade de conhecer essas pessoas mas elas estão aqui próximas. Ao crerem em Cristo, poderão voltar ao seu país de origem e levar o evangelho com elas. O outro grupo são os sertanejos. Muitos de nós temos parentes ou amigos que são nordestinos e moram em cidades pequenas. Essas pessoas vem para cá visitar ou nós vamos para lá revê-las. Por que não levar o evangelho, começar uma reunião e discipular essas pessoas?
            Fora de nossa nação temos aproximadamente 2.500 povos ainda não alcançados, mais de 1.500 línguas que não tem tradução da bíblia em seu idioma, nem sequer João 3:16 traduzido. E existem ainda grandes desafios que posso citar aqui como[1]:
1-) Atualmente existem mais pessoas vivendo que não conhecem a Cristo do que em qualquer época da história – Para cada 10 novos crentes, 45 pessoas nascem no mundo;
2-) Desde a década de 90 o crescimento evangélico no mundo está caindo;
3-) De cada 10 missionários, apenas 1 está trabalhando entre os povos Não Alcançados;
4-) 81% dos não cristãos nunca tiveram contato com pessoas cristãs;
5-) Gastamos mais dinheiro com ração para cães do que investimos em missões.

            Dentre estas estratégias poderíamos destacar outras mais e você que está lendo pode ter outras ideias também. Mas a mensagem que quero deixar é que não podemos ir para um tempo DC pensando da mesma forma que pensávamos AC. Raciocine comigo: Será que Deus não permitiu este tempo, justamente para forjar um povo que foque naquilo que é mais importante, naquilo que vai render frutos para a eternidade?
            Minha oração e meu desejo é que eu possa, juntamente com você, chegar ao DC. E ao chegar lá, possamos nos despojar do velho que ficou AC e realizar de uma vez por todas a essência do que JC nos mandou fazer!

Leandro Silva
Pastor, professor de Teologia, Grego e Missões em diversos seminários pelo Brasil
Bacharel em Teologia com Especialização em Missiologia
Mestrando em Missiologia, Pós-Graduado em Antropologia Missionária
Autor dos livros: “Eu sou o Sal da Terra” e “Curso de Grego Koiné – Nível Instrumental”
           




[1][1] Fonte: Joshua Project – PPT “Five Celebrations Five Challenges” disponível em www.joshuaproject.net