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terça-feira, 14 de julho de 2020

Toda pessoa em conflito com sua sexualidade é homossexual?

Estudo baseado em Romanos 1:24 a 32 Uma análise da expressão “Deus os entregou”


“Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam”. Romanos 1:24-32


É fato que há pessoas em conflito com sua sexualidade que frequentam igrejas evangélicas. A educação e cultura em que foram criadas as coloca em situações complexas, pois além de lidar com a luta interna de sua identidade X sexualidade, tem que lidar com as pressões externas como preconceito, isolamento, fofocas, sentimento de culpa por palavras lançadas, etc.
Estou me referindo a pessoas cristãs, que frequentam, ou frequentavam igrejas, que amam a Deus e louvam a Jesus. Entendem que o que sentem e praticam, ou praticaram, é pecado e contrário a vontade de Deus. Não conseguem vencer de uma vez por todas esta luta, mas também não querem “sair do armário”, para viver uma vida depravada, como a mídia clama.
Mas toda pessoa em conflito com sua sexualidade é homossexual? Todas sentem necessariamente AMS (atração pelo mesmo sexo)? E se sentem, todas essas pessoas se entregam a prática homossexual?

Em contato com as pessoas em questão percebo que não gostam de rótulos, o que provavelmente implica em um sentimento de tristeza ou de mágoa ao ouvirem que são “isso” ou “aquilo”. Penso que estão corretos em sua posição. Mas a título de entendimento, vamos classificar 3 posicionamentos das pessoas com AMS:

1-) Cristão em luta com a sexualidade – Pessoa que percebeu que sua sexualidade é diferente dos demais. Entende isso e percebe quando acontece. Está lutando com os sentimentos, emoções e pensamentos que o perturba. Às vezes tem recaídas e cai, tendo contato ou relação com alguém do mesmo sexo. Mas depois pede perdão, se arrepende, confidencia com alguém e tenta retomar sua vida de adoração a Deus. É consciente que está em luta constante contra si mesmo. Alguns conseguem viver um longo tempo vencendo sua luta. Alguns até se declaram curados. Exercem posições e cargos na igreja. Mas estão sempre com um alarme ligado, em caso de tentação para que não haja recaída. Outros estão em luta constante e não conseguem pensar em mais nada. Por isso só frequentam cultos e não participam de ministérios. Alguns destes até saem da igreja por não se acharem dignos ou preparados para estar ali.

2-) Homoafetivo – Resolvido em sua sexualidade, mantém uma relação estável com um parceiro do mesmo sexo, alguns até oficializando esta união em cartório, o que no Brasil é permitido por lei. Querem ser reconhecidos na sociedade. São estes que aparecem na mídia, dando testemunho que suas vidas melhoraram agora que assumiram sua sexualidade. Frequentam igrejas de Teologia Inclusiva, que aceitam homossexuais sem nenhum preconceito, e que alteraram a interpretação ortodoxa bíblica para dizer que Deus aceita o homossexual como ele é, sem precisar mudar seu comportamento. Normalmente tem bons empregos e muitos adotam crianças em orfanatos, criando-os como seus filhos. Uma nova classe de família surge com eles.

3-) LGBTQ+ - Pessoas que já deram as costas para a igreja e a vida cristã bíblica e passaram a viver suas vidas buscando a satisfação do prazer e sua felicidade. Normalmente são “desviados”, pessoas que já frequentarem a igreja e tiveram posições em ministérios. Vivem suas vidas para esta busca frenética e já perderam sua fé, ou querem experimentar algo que sempre foi proibido para eles. São militantes pela causa e defendem com unhas e dentes sua identidade e se orgulham disso. Existem os mais sensíveis e os mais radicais. Mas todos sem exceção defendem o seu direito de viver sem máscaras e ser o que eles querem ser, pois entendem que foram criados assim.

Análise do Texto

O texto acima é um dos mais clássicos e famosos citados neste assunto. Mas Paulo está direcionando suas palavras para qualquer pessoa que tenha conflitos com sua sexualidade? Qualquer um que seja tentado na área sexual, com uma tendência para AMS é alvo do texto de Paulo em Romanos?
Para responder estas questões fiz uma breve análise da expressão “E Deus os entregou”, presente nos versículos 24, 26 e 28 do capítulo primeiro da epístola de Paulo aos Romanos. É intrigante pensar que se Deus os entregou a esta prática, então seria vontade de Deus que eles pequem e se percam? Deus não os ama? Porque Deus só entrega pessoas que tenham este pecado? E os outros? Várias questões surgem ao pensar nesta expressão, por isso uma análise mais profunda se faz necessária. Daí lancei mão da exegese e da língua grega.

A expressão em Grego Koiné é: (parédoken autous ró teós) O termo grego: (parédoken) é um verbo que está no tempo Aoristo Indicativo Ativo, na 3ª pessoa do singular. No texto em questão a tradução literal ficaria “Ele entregou eles Deus para”. Este verbo tem o radical em (paradídomi) que é um verbo com muitos significados e bastante complexo. Seguem alguns dos significados encontrados:

“Entregar, dar, passar para”. (Léxico do Grego do NT – F. Wilbur) – Significado geral.

                O Dicionário do Novo Testamento Grego, de W.C. Taylor diz “Entrego, rendo, traio, encomendo, transmito, deixo, entrego verbalmente ou por escrito ou por ensino, responsabilizando a quem recebe pela guarda e transmissão, confio a”.           

O Léxico Grego do NT, de Edward Robinson declara que para este texto o significado seria “pessoas ou coisas entregues pra fazer ou sofrer alguma coisa, dedicar, entregar, abandonar, permitir” podendo também ser para “pessoas entregues para seguir suas paixões ou apetites a alguma coisa, ou seja, ao poder ou à prática disso”.

                O Léxico Grego-Português do Novo Testamento, de Low e Nida diz que o texto de Romanos 1:26 é traduzido por “Deus os entregou a paixões vergonhosas”, sendo que o verbo associado (pátos) significa “sentir intenso desejo carnal, particularmente desejos de ordem sexual; paixão, desejo lascivo, desejo, ter desejo”.


Textos associados

                Em Lucas 4:6 o verbo (paradídomi) significa “entregar ou passar algo a alguém, particularmente um direito ou um poder; entregar, dar, passar a”.
                A expressão descrita em I Timóteo 1:20 diz “entregar alguém ao poder de Satanás para ser afligido e atormentado de males”. Com o acréscimo (eis oletron sarkós) a frase parece ter se originado das fórmulas judaicas de excomunhão, porque a pessoa banida da assembléia teocrática era considerada privada da proteção de Deus e entregue ao poder do Diabo.
                Em Atos 7:42 Estevão cita que devido às tendências idolátricas dos israelitas, “Deus... os entregou ao culto da milícia celestial”.
                Em Lucas 1:73 e 74 o verbo (paradídomi) significa “conceder a alguém a oportunidade ou ocasião para fazer algo, conceder, permitir”.
                O texto de João 19:30 traz o verbo (paradídomi) em uma expressão idiomática, com o significado “morrer, entregar o espírito, com a possível implicação de se tratar de um ato voluntário”.
                A expressão literal “fruto dá” está no texto de Marcos 4:29 onde o verbo (paradídomi) indica que a colheita está por começar, a colheita está madura, o fruto está maduro, o tempo da colheita chegou.
                (paradídomi) em Mateus 26:45 significa literalmente “entregar nas mãos”. O termo expressa a idéia de “entregar alguém ao domínio ou controle de outros, entregar a, entregar ao controle de”.  

Quem são essas pessoas?
               
                Voltando a pergunta inicial: Toda pessoa em conflito com sua sexualidade é homossexual? – é preciso analisar então quem são as pessoas que o Apóstolo Paulo tem em mente ao escrever este texto e afirmar que Deus os entregou a algo.
                Podemos perceber pelas expressões utilizadas o que estas pessoas fizeram:

“...tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus” – vs 21
“...trocaram a glória do Deus imortal por imagens...” – vs 23
“...trocaram a verdade de Deus pela mentira” – vs 25
“...abandonaram as relações naturais com as mulheres” – vs 27
“Tornarem-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação” – vs 29

                Vemos aqui uma progressão continuada, uma crescente de rebelião e transgressões, iniciando em desprezar o conhecimento de Deus, passando por idolatria e trocar a verdade pela mentira, chegando à prática pervertida e daí em diante piorando cada vez mais. Mas há um elemento de mudança, apontando para uma vida anterior, como se as pessoas que Paulo menciona não eram assim anteriormente, mas se tornaram quando trilharam um caminho de voltar às costas para Deus.
                A princípio olhamos para estas práticas mencionadas e podemos perguntar: o que é que isso tem a ver com a homossexualidade? Ora, pela menção de Paulo à respostas que Deus dá a cada uma destas atitudes, podemos compreender que não eram simples transgressões. Eram pecados na área sexual:

“Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si” – vs 24

“...Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até as mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens...” – vs 26 e 27

                O texto chave, que pode nos dar uma grande luz é o verso 32: “Embora conheçam o justo decreto de Deus...não somente continuam a praticá-las mas também aprovam aqueles que as praticam”.
                Respondendo então a questão inicial chegamos à conclusão que, segundo o texto, a homossexualidade pode ser uma disposição mental e física, que perverte a constituição do relacionamento sexual estabelecido e criado por Deus, praticado por pessoas que apesar de terem conhecimento de Deus e de seus decretos, escolhem por livre e espontânea vontade viver nesta prática. E quando isso acontece, duas coisas automaticamente são consequências diretas:

1-) Deus transfere a responsabilidade dos atos para a própria pessoa – que é o significado literal da expressão “Deus os entregou”;
2-) A pessoas vai se afundando cada vez mais na prática, chegando ao ponto descrito nos versículos 30 e 31: “Caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos, inventam maneiras de praticar o mal, desobedecem a seus pais, são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis”.

                Usando as categorias que já mencionamos, entendo que os cristãos em luta com a sua sexualidade não se encaixam neste perfil descrito pelo Apóstolo Paulo, enquanto são pessoas, homens ou mulheres, que vivem em suas famílias, seguindo os valores e virtudes da ética e da Palavra de Deus. Apesar de sentirem culpa e se arrependerem constantemente dos pensamentos e recaídas que usualmente possam incorrer, não estão virando as costas para Deus e para seus decretos. Pelo contrário estão vivendo em renúncia, constantemente indo aos pés de Jesus buscando ajuda, consolo e direção na dura luta entre a carne e o espírito, que diariamente enfrentam.
                Quanto aos homoafetivos e os declaradamente LGBTQ+, estes são os candidatos em potencial que possuem o perfil descrito pelo apóstolo no texto em Romanos. Isso não significa destino, pois Deus deseja o arrependimento de todos e a mudança de vida pode acontecer. Mas o livre arbítrio e a vontade humana são grandes obstáculos nas mãos de pessoas não quebrantadas e que não param para ouvir e refletir em suas práticas, preferindo a satisfação de seus prazeres acima de tudo.

                Ainda assim podemos encerrar dizendo que o texto acima é um alerta para todos nós, quer lutemos contra pecados na área sexual, quer não. A lição que fica deste texto é que a responsabilidade de continuar nos caminhos do Senhor e de conhece-lo mais profundamente é totalmente nossa. Se começarmos neste processo, mas de repente mudarmos e virarmos às costas para ele, é provável que ele permita que andemos o caminho que desejamos trilhar. Assim como o pai do Filho Pródigo, descrito na parábola contada por Jesus, que permitiu que o filho fosse embora, levando parte da fortuna, e vivendo em caminhos tortuosos. Neste sentido o pai o entregou, simplesmente porque o filho quis. Mas também podemos afirmar que se houver arrependimento e confissão, da mesma forma Deus, como o pai do Filho pródigo, estará de braços abertos para receber aqueles que desejam voltar para a casa do Pai.

terça-feira, 5 de maio de 2020

AC/DC - Antes do CORONA – Depois do CORONA

Como será o novo mundo depois que o coronavírus passar? | NeoFeed

Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se as não tivessem; E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa.
(1Co 7:29-31)

            Recentemente me foi perguntado: Qual sua opinião sobre como a igreja será depois desta pandemia? Quando passar todo o problema do vírus, quando voltarmos ao normal, como vamos realizar missões? Foi uma pergunta que apesar de muito atual, me pegou de surpresa. Minha resposta foi resumida, de bate pronto, mas não irrelevante. Até porque é um assunto que estamos pensando e desejando muito, que tudo isso acabe logo. O que respondi naquela ocasião, vou expressar neste artigo de forma mais explanada.
            Iniciando esta opinião me baseio no texto citado acima. O Apóstolo Paulo está respondendo aos irmãos da igreja de Corinto perguntas sobre casamento, relacionamento e afins. Ao mesmo tempo o velho apóstolo está preocupado com o trabalho na obra de Deus e suas necessidades. Principalmente na questão do tempo, pois era evidente para os irmãos daquela época a iminência da volta do Senhor Jesus a qualquer momento. Então apesar de ser muito importante decidir bem sobre as questões de relacionamento, casamento e sexualidade, Paulo quer colocar uma ordem de prioridade nisso tudo. E a prioridade que ele sugere é que frente ao pouco tempo que tinham, a obra de Deus deve ser feita com um senso de urgência.
            Ele afirma que o tempo se abrevia, e que a aparência deste mundo passa. Estas palavras são ainda mais atuais e contundentes em nosso momento atual. Se para o apóstolo escolher entre casar e fazer a obra de Deus era algo a se pensar, dado que tanto uma decisão como outra demandará tempo e dedicação para tal. Se escolho casar e ter um relacionamento tenho que me dedicar e investir tempo na outra pessoa, na relação, na cerimônia, na casa que vou morar, nos móveis e todo o pacote que um casamento gera. Se escolho a obra de Deus, vou me dedicar entre o preparo, o conhecimento, a oração, a consagração e dedicar todo o tempo para as coisas de Deus. Frente a tudo isso, o apóstolo alerta: O tempo se abrevia. Então, se não temos muito tempo, o que devemos escolher? Qual caminho devemos seguir?
            Antes que alguém diga que estou julgando algo ou alguém, espere um pouco. Não estou afirmando que escolher casar e ter um relacionamento ao invés da obra de Deus, é algo egoísta ou ruim. Não, pelo contrário. Também não estou dizendo que escolher fazer a obra de Deus em detrimento de um relacionamento é super espiritual. É preciso discernir os tempos, algo que nem sempre sabemos fazer bem.
            Mas estamos vivendo algo que nossa geração nunca viveu. Pandemia parecida com essa apenas a famosa Gripe Espanhola que assolou o mundo e se deu na época de 1920 mais ou menos. Ou seja, 100 anos depois o mundo novamente tem que parar e se resguardar, além de contar seus mortos... Depois de um tempo como esse, é salutar e fundamental perguntar: O que vamos fazer quando tudo voltar ao normal?
            Primeiro entendo que nunca mais voltaremos ao “normal”. O que era o “normal”? Era bom? Era saudável? Era importante? Todos os cuidados e recomendações médicas sobre distanciamento, máscaras e depois uma possível vacina estarão em nosso cotidiano por muitos anos ainda. Outra questão é que também pode acontecer possíveis ondas de surto, ou retornos de contaminação, pois a população nem sempre obedece as regras. Nações, cidades e povos não são mais os mesmos nem nunca serão. Pessoas se foram, celebridades ou anônimas, e deixaram uma lacuna em algum lugar.
            Frente a tudo isso entendo que vivemos hoje exatamente o sentimento que o apóstolo Paulo expressa em sua carta aos Coríntios. O tempo se abrevia, a aparência do mundo está passando. Não temos tempo a perder. Dito isto, quando as coisas flexibilizarem, a poeira abaixar, as primeiras atitudes serão pensando em resolver a situação econômica do país e das famílias, visto que muitas empresas fecharam suas portas, muitas famílias sobrevivem com ajuda do governo e das igrejas. Isso está refletindo em nossas igrejas, sobretudo nas finanças, pois a redução das entradas da igreja é reflexo dos irmãos que foram demitidos, ou são autônomos e profissionais liberais que não tem mais o salário para poderem ofertar e dizimar.
            Fomos empurrados para uma nova divisão em nossa história. AC e DC. Os livros de história escreverão e nós contaremos para nossos filhos e netos como era Antes do Corona. Mas quando estivermos DC, Depois do Corona, o que vamos fazer? Vamos viver a mesma vida, o normal de antes? Vamos simplesmente virar a página e continuar perdendo tempo e dinheiro em coisas que não são úteis? O Profeta Isaías adverte: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?” (Isaías 55:2), enfatizando o porquê o povo de Israel perdia tempo e dinheiro naquilo que não era importante.
            Este momento é único em nossa história. Um novo divisor de águas. O DC tem que ser melhor que o AC! Temos que sair na outra ponta não apenas sobreviventes, mas aptos para uma vida plena em todos os sentidos. E entendo eu que isso se traduz em uma palavra: FOCO. Será tempo de focar nas coisas que realmente importam, na essência do que realmente é importante. Nas tarefas que deixarão legado e herança para o futuro. Amar as pessoas, servir os necessitados, ajudar os que precisam, perdoar dívidas e ampliar amizades. Abraçar e se relacionar com quem vale a pena. Sair de onde não somos valorizados e entrar onde realmente necessitam de nós.
            Terminar aquele curso que você não terminou. Reativar aquele relacionamento que você rompeu. Ler os livros que você prometeu um dia ler. Tomar aquela decisão que você está procrastinando há anos. Romper com o que te atrapalha e se abrir para as coisas boas e novas, principalmente de Deus. Mudar de profissão, de cidade, de ares, de vida!
            Já que não temos mais tanto tempo quanto tínhamos antes, e com certeza temos menos tempo hoje do que na época do Apóstolo Paulo, qual deveria ser o foco principal da Igreja do Senhor Jesus nesta terra? Não seria voltar nossa atenção as prioridades que o próprio Deus estabeleceu? Dois versículos famosos nos lembram destas prioridades:

Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. Atos 1:8

Sempre fiz questão de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido - Romanos 15:20

           Traduzindo em termos mais concretos, não é hora de deixarmos todo o restante para segundo plano e focarmos em PLANTAÇÃO DE IGREJAS, de forma missional e intencional?
Missional – Uma igreja que seja bíblica, saudável e relevante, contextualizada em uma comunidade de tal forma que comunique o evangelho de forma eficiente, atraindo os não cristãos para Cristo.
Intencional – Um grupo de irmãos plantadores de igreja que se desloquem para um local geográfico não alcançado, ou pouco alcançado, com a intenção de provocar o surgimento de uma igreja, uma comunidade de fé que se reúna em um local específico.
            Em nosso próprio país temos 8 segmentos menos evangelizados, em especial podemos destacar 2 destes grupos: Imigrantes e Sertanejos. Todas as grandes cidades tem grupos de imigrantes morando próximos a nós. Podemos evangelizar haitianos, bolivianos, paraguaios, chineses, árabes, e outros que moram próximos a nós. Talvez nunca teríamos oportunidade de conhecer essas pessoas mas elas estão aqui próximas. Ao crerem em Cristo, poderão voltar ao seu país de origem e levar o evangelho com elas. O outro grupo são os sertanejos. Muitos de nós temos parentes ou amigos que são nordestinos e moram em cidades pequenas. Essas pessoas vem para cá visitar ou nós vamos para lá revê-las. Por que não levar o evangelho, começar uma reunião e discipular essas pessoas?
            Fora de nossa nação temos aproximadamente 2.500 povos ainda não alcançados, mais de 1.500 línguas que não tem tradução da bíblia em seu idioma, nem sequer João 3:16 traduzido. E existem ainda grandes desafios que posso citar aqui como[1]:
1-) Atualmente existem mais pessoas vivendo que não conhecem a Cristo do que em qualquer época da história – Para cada 10 novos crentes, 45 pessoas nascem no mundo;
2-) Desde a década de 90 o crescimento evangélico no mundo está caindo;
3-) De cada 10 missionários, apenas 1 está trabalhando entre os povos Não Alcançados;
4-) 81% dos não cristãos nunca tiveram contato com pessoas cristãs;
5-) Gastamos mais dinheiro com ração para cães do que investimos em missões.

            Dentre estas estratégias poderíamos destacar outras mais e você que está lendo pode ter outras ideias também. Mas a mensagem que quero deixar é que não podemos ir para um tempo DC pensando da mesma forma que pensávamos AC. Raciocine comigo: Será que Deus não permitiu este tempo, justamente para forjar um povo que foque naquilo que é mais importante, naquilo que vai render frutos para a eternidade?
            Minha oração e meu desejo é que eu possa, juntamente com você, chegar ao DC. E ao chegar lá, possamos nos despojar do velho que ficou AC e realizar de uma vez por todas a essência do que JC nos mandou fazer!

Leandro Silva
Pastor, professor de Teologia, Grego e Missões em diversos seminários pelo Brasil
Bacharel em Teologia com Especialização em Missiologia
Mestrando em Missiologia, Pós-Graduado em Antropologia Missionária
Autor dos livros: “Eu sou o Sal da Terra” e “Curso de Grego Koiné – Nível Instrumental”
           




[1][1] Fonte: Joshua Project – PPT “Five Celebrations Five Challenges” disponível em www.joshuaproject.net