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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mais Coca-Cola do que Guaraná?



Autor: Augusto Guedes é sulamericano, brasileiro, um dos fundadores e diretor-executivo do Instituto Ser Adorador (ISA), pastor, empresário, e participa de uma comunidade de discípulos de Jesus em Fortaleza-CE


Somos a terra do Guaraná, mas se chamarmos o garçom e pedirmos um suco de laranja, desde que não natural, provavelmente virá uma coca-cola, ou melhor, mais um produto coca-cola. Confira da próxima vez na caixinha ou garrafa, e verá!
Algo bem parecido acontece com a nossa música ou, porque não dizer, com o nosso meio chamado de cristão evangélico, que na nossa pátria amada recentemente mudou para “gospel”.
Outro dia fui assistir a um musical por brasileiros que, no meio da apresentação só faltou alguém gritar... “praise the Lord!”. Todas as músicas eram importadas, a forma de se apresentar, as vestes, o jeito de falar, as imagens produzidas no telão, as ilustrações... “tem neve caindo lá fora...” em pleno verão brasileiro. Muitas vezes até aquilo que é produzido por nativos revela serem estes cativos de estilos ou elementos musicais de fora, na maioria, da terra do Tio Sam.
Por que será que na terra da bossa e do frevo, durante tanto tempo a igreja os tratou como doença contagiosa que deveria ser evitada, assim como o pecado? Por que é admissível trocar presentes trazidos por Santa Claus (Papai Noel) ao redor de um pinheiro enfeitado na manhã de natal, mas dançar uma quadrilha do nosso folclórico São João não o é? Pior que isso só a desgraça, ou, melhor dizendo, a falta de graça, em se achar que há algo mais espiritual num determinado estilo ou jeito de fazer e ser.
Por favor, não me entendam mal! Gosto de músicas estrangeiras, mas nem todas, é claro. Curto Keith Green, Petra, Michael W. Smith, Jack Hayford, Graham Kendrick, Twila Paris, Bob Fitts, entre outros. E por que não lembrar dos belos hinos tradicionais de Fanny Crosby? Muitos, dentre outros, me edificam até hoje!

Admiro o investimento exemplar, com o dinheiro verde que traz a expressão “In God we trust”, em missões ao redor do mundo; tenho amigos norteamericanos, convivi de perto e aprendi com vários missionários estrangeiros; reconheço o fruto do trabalho de tantos que se doaram para que o nosso Brasil brasileiro conhecesse Jesus, desde os primeiros como o escocês Robert Kalley (Igreja Congregacional), o norteamericano Ashbel Green Simonton (Igreja Presbiteriana), ou os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg (Assembléia de Deus), até alguns mais recentes e até contemporâneos como Haroldo Heimer e Ary Bollback (Palavra da Vida), Donald Phillips e Paul Overholt (Mocidade para Cristo), o casal William e Rena Butler (Colégio Quinze de Novembro), o holandês Frans Leonard Schalkwijk, o boliviano filho de norteamericanos, Russel Sheed, e George Theis (Palavra da Vida), que de forma pessoal investiu na minha caminhada com Jesus. E o que dizer do fruto, inclusive musical, do trabalho de Jayme Kemp, treinando equipes missionárias de jovens que utilizavam a música como meio (VPC), além do seu trabalho com famílias (Lar Cristão)? 
Certamente cada um trouxe consigo bagagens culturais, mas o maior problema está em nós mesmos, que antes de cada jogo da nossa seleção de futebol canta “ó pátria amada, idolatrada, Salve! Salve!” e idolatra quase tudo que vem de fora. É a igreja que tem em sua declaração de missão a valorização da cultura nacional e lança um CD com apenas uma música de autor brasileiro; é o programa musical do culto de domingo que não traz nenhum ritmo nosso e muitas vezes nenhum dos nossos autores; é a livraria que vende bem aquele DVD, produto nacional, porque tem cara e jeito de importado; é o congresso que ganha um upgrade de valorização por ter uma atração internacional.
Há algum tempo, ouvi de um ministro de louvor brasileiro a idéia impensada, precipitada, herética e absurda de que os estrangeiros de um determinado país sabem louvar melhor. Nesse caso, só ironizando com uma oração... Senhor, tem misericórdia! Por favor, salve! salve! Isso sim é extravagante! Pior ainda é constatar que nem todos conseguem sequer enxergar isso. Uma das conseqüências é, por exemplo, uma congregação de brasileiros que não consegue sequer acompanhar com palmas um cântico em ritmo de afoxé, como por exemplo, “Viva Chama” de Jorge Camargo. Aliás, provavelmente nem sabe que ritmo é, e se tomar conhecimento talvez não queira mais cantar pelas associações feitas. Se desejar, confira da próxima vez, se estiver na lista de cânticos do domingo, é claro!
Mesmo parecendo desgastado ou enganosamente inapropriado o assunto, valem a pena as perguntas: o que estamos fazendo com a nossa música brasileira? O que está acontecendo com a nossa igreja brasileira? Por que será que para a desenvolvermos necessitamos de um método importado? Iniciamos um “trabalho” e logo procuramos nos associar a alguma instituição de fora, que desenvolve algum modelo, sistematiza algo de alguma forma, e, muitas vezes, desde que reproduzamos o seu método, paga a conta. Nesse caso, deixa de ser igreja para ser mercado, talvez franquia, ou qualquer outra coisa do mundo dos negócios, da indústria da fé, do pecado ou interesse do homem, e não das coisas do Espírito de Deus. 
Quando a igreja brasileira irá conseguir celebrar com o frevo ou xote, como o faz com um rock ou com uma música judaica? Quando irá conseguir contemplar ao som de uma bossa, como o faz com uma balada lenta? É como viver numa grande floresta tropical e não desfrutar do alimento saudável e natural de todas as deliciosas frutas que estão ao redor, disponibilizadas pelo próprio Criador, porque simplesmente só se consegue enxergar e desejar, não a manga, a banana, a tangerina, o açaí, o cupuaçu, o taperebá ou o guaraná, mas sim o cramberry, o blueberry, o grapefruit, a amora ou a amarena que só tem condições de aqui chegar muito bem embaladas ou congeladas.    
Em nosso meio, tem muita gente boa fazendo música brasileira e que a igreja brasileira precisa conhecer melhor! Podemos fazer uma lista enorme!
Quanto ao refrigerante, ironicamente, ao escrever este texto, tenho uma coca zero à mesa, ao lado do computador, mas nunca deixando de apreciar um saboroso guaraná.
Que o Bondoso, que está acima e independe de toda e qualquer cultura, continue sendo misericordioso para conosco, brasileiros de pequena fé.

http://www.cristianismocriativo.com.br
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